O Brilho da Palavra

O Brilho da Palavra

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Livreto Virtual (Parte 6)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

VIDA OU MORTE? HORA DE DECIDIR!

  Naquela manhã sentia-me como quando terminamos de assistir um bom filme. Meu coração estava cheio e até transbordava, mas estranhamente estava mais leve do que o de costume. Uma poção perfeitamente equilibrada de Entusiasmo e Paz movia-se, borbulhando em meu interior e aquele sorriso teimoso continuava carimbado em meus lábios.
  Após alguns minutos na balsa, chegamos em uma pequena ilha. Nossa intensão era registrarmos com máquinas fotográficas e outros equipamentos profissionais, a presença dos golfinhos na encosta daquela ilhazinha.
  Mas chegamos um pouco tarde e a maré estava começando a subir. Estávamos à pé, o pessoal da equipe conhecia bem este caminho, beirando as ondas, havíamos nos programado para percorre-lo até o ponto onde iriamos montar os equipamentos e registrar as peculiaridades da vida dos golfinhos naquele lugar. 
  Mas aquela ilha era uma mata densa, com muitas raízes de arvores, arbustos e folhagens emaranhadas. Havia muito pouca orla. Quase não podíamos visualizar a areia sob nossos pés. A água do mar se aproximava de nós muito rapidamente.
  Minutos depois encontramos um senhor que passava por ali, ele nos advertiu sobre a subida repentina da maré e seu perigo iminente, característico daquele lugar.
  E lá estávamos nós, com água até os joelhos, equipamentos caros divididos sobre as costas de todos da equipe e um aviso que piscava no letreiro: VIDA OU MORTE, HORA DE DECIDIR
  O caminho que conhecíamos era aquele que estava sendo inundado pelas ondas do mar a cada minuto, qualquer outro caminho era desconhecido. 
  Nosso líder parou seu passo num instante, a expressão preocupada estampada no rosto, o peso da responsabilidade da vida de todos os seus colaboradores estava expresso em seu olhar.
  Ele tentou avançar mais um pouco: Ficamos com água até a cintura e então, como um relâmpago no céu, ele declarou: "Voltem. Voltem. Vamos voltar." 
  Já não podíamos ver onde pisávamos e éramos jogados, às vezes, contra as raízes subaquáticas de algumas plantas, tudo estava sendo coberto pelas águas do oceano. Elas haviam decidido que era hora de encobrir a terra, bloquear nosso caminho e mudar nosso destino.
  Aceitamos, pois em caminhos ermos precisamos saber lidar com retornos e desvios. Mas a preocupação de nosso líder era compreensível: Ele não conhecia outro caminho. E o único que conhecia estava sendo tomado pelas águas, ameaçando sua equipe e todos os sofisticados equipamentos que carregávamos. 
  Mudar de caminho, mudar de rota e aceitar o novo e o desconhecido dá medo, insegurança e ansiedade, ainda mais quando temos vidas sob nossa responsabilidade.
  Voltamos carregando os equipamentos e mochilas no alto de nossas cabeças, tentando evitar que fossem atingidas pelas ondas.

PILULA AZUL, OU VERMELHA, QUAL VAI SER?

  Em momentos como este é que percebemos como somos vulneráveis às mudanças da natureza e das situações. Não sabemos controlar as coisas à nossa volta, porque ainda não sabemos controlar nosso interior. A língua que desejamos calar, nos domina, os pensamentos que desejamos anular, nos sobrevêm, os sentimentos que desejamos esquecer, fluem como aquele oceano, tentando nos engolir. Quem somos nessas horas? Quem somos nestas horas?
  Agimos como mosquinhas atordoadas, tentando correr para todo lado, assustadas, conferindo aos oceanos da vida a força que deveria estar em nós, sob nosso domínio. Você duvida desta possibilidade?
Jesus, Yeshua, estava indo encontrar seus amigos num barquinho, mas decidiu ir andando, ao invés de nadar, ou pegar uma canoa que o levasse até lá, o detalhe descrito no livro de Mateus, capitulo 14, verso 25 é que Ele foi andando SOBRE AS ÁGUAS.
  Sugiro que reflita sobre tua fé e o que tem feito com ela, antes de afirmar que a bíblia é um livro metafórico, tentando se convencer que esse fato não seria capaz de acontecer. Porque em algum espaço do teu ser, você reconhece a voz da sabedoria e discernimento que gritam o quão viável é este fato e muitos outros (afinal, Obras Maiores farão, aqueles que tem fé em Mim, disse Jesus em João 14, verso 12).
  Então em algum lugar dentro de ti, você ouve a voz da Verdade e sabe que ela é confiável, mas, como um cavalo de visão limitada, crê apenas naquilo que te parece real. Mas o que é real? Aquilo que você vê e sente com as mãos? Ou aquilo que você crê e constrói enquanto exercita tua fé?
O que é real?
Ambos são reais!
Então a questão agora seria:

Se ambas as realidades existem, qual te domina? 

  Cartas na mão, ir ou recuar. Você decide. O dono das cartas não pode decidir pelo jogador. Hora de decidir: Pílula Azul, ou Vermelha? Hora de acreditar que você é o Escolhido e que pode refazer os modos de lidar com estes programas atuais, desconfigurando-os, anulando-os e reformulando-os. Surpreendendo programas velhos e egoístas, amando e lutando pelos que ainda estão cegos e sugados pela Matrix. Decida. 
  Ver o real com outros olhos, ou fingir que nunca desconfiou que a vida era algo mais do que criar barriga, ver o cabelo cair, comprar carros e perder tempo com aquilo que morre neste mundo. Tudo o que vive no tempo do Eterno, isso vale a pena.
  Reflita então: Pílula Azul? Pílula Vermelha? O fabricante das pílulas não pode escolher por você. Qual vai ser, meu irmão?! Escolha com coragem. Vá mais além, escolha tuas asas e liberte-se. Pois, foi feito para o voo. 

  Voe, é o meu convite para você! 

  O que você tem feito com a tua fé? No livro de Tiago, capitulo 2, verso 18, ele afirma: Mas alguém dirá: "Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé PELAS obras.
  Faça um grande favor à tua felicidade e passe a viver conforme a tua fé. E trabalhe duro para que esta seja crescente a cada momento. Se eu pudesse escolher por você, escolheria viver o que a boca confessa crer. Pois as palavras são mortas, vazias e apodrecedoras, se não estão envolvidas pela prática. Já diziam os antigos: Falar é mais fácil do que fazer.
Mas ninguém disse que seria impossível. E se disseram, eu tenho minha vida como outdoor que contraria impossibilidades.
  Eu caminho sobre as águas? Eu alcancei a perfeição? Não. Mas corro em direção ao alvo, deixando para trás meus limites do passado, avanço para minha meta e meu destino (Filipenses 3:13). 
  Se quiser, venha comigo. Será mais recompensador do que ficar sentado de lado, criticando. Mas a cor da pílula é uma escolha que apenas você poderá fazer. Eu já tomei a minha. E sou livre.

AREIA MOVEDIÇA

  Andávamos o mais velozmente que  a água nos permitia. Estávamos cansados, antes mesmo de chegar ao local das atividades daquele dia. E ainda nem sabíamos como chegar lá.
  Caminhamos até onde deu. Decidimos tentar chegar ao local cortando a mata fechada da ilha. Andamos por uns minutos, com as roupas molhadas por causa da água do mar que tinha nos alcançado, com os equipamentos nas costas,  o suor no rosto, o sol na cabeça e muitos gravetos nas canelas.
  Foi quando nos deparamos com um riacho esquisito. Eu nunca havia visto nada parecido. Estava ali, bem em nossa frente um riacho denso, da cor cinza, meio esbranquiçado, denso como o cimento.
  Todos permaneceram parados, olhando desafiados por aquele riachinho de 1 metro e meio de largura.
Duvidei que algo tão estreito tivesse paralisado uma equipe tão decidida e animada como a nossa.
  E perguntei: Porque não tentamos? Eles sacudiram as cabeças, negando e o líder disse, "é areia movediça". Eu, atrevidamente teimosa, insisti, "não pode ser tão ruim assim. Vamos! Em três passos estamos do outro lado da margem."
  Mas a equipe permanecia calada. Ainda sem saber o que fazer, novamente. E um silencio decepcionante se instalou no meio daquela mata e os mosquitos começaram a judiar muito de nossa pele, picadas após picadas, mas ninguém se movia.
  Eu me cansei daquilo, ainda não havia percebido qual era nosso inimigo naquele momento. Eu o subestimei e num impulso, repeti: "Não pode ser tão difícil assim, em três passos estamos na outra margem" e pulei naquele rio de cimento. Afundei até os joelhos logo de cara. Tentei mexer um dos pés para dar o próximo passo, mas afundei mais ainda e foi neste momento que percebi o tamanho da encrenca que eu havia me metido.
  Sem conseguir mover os pés, me agarrei nas pedras da margem de onde eu havia acabado de saltar e, não me importando com os restos de conchas arraigadas nelas, que formavam uma espécie de navalhas múltiplas (chamadas popularmente de cracas), segurei-me com toda a força que meus braços puderam exercer e com todo desespero pela vida que minha alma pode carregar e me tirei dali, enquanto minhas pernas eram cortadas e rasgadas por algumas destas cracas, grudadas nas pedras.
  Ótimo! Empacados, cansados, frustrados, picados por todos os insetos do mundo florestal, queimados pelo sol mais uma vez, carregando mochilas pesadas e suados, eu agora ainda estava suja de lama e com sangue escorrendo pelas pernas.
Enquanto eu avaliava o tamanho do estrago nas pernas, repensava meus impulsos e suas consequências e aprendia mais uma lição sobre os verdadeiros lideres: Quando dizem "não" é por estarem refazendo uma estratégia, para que ela cause mais acerto do que erro!

PODE SALTAR, MINHA MÃO TE SUSTENTARÁ

  Graças a Deus alguém decidiu romper com o silencio, sugerindo que o melhor ali era saltar. O líder foi primeiro. Depois os equipamentos foram lançados até as mãos dele. Em seguida a equipe começou a tomar distancia e correr para o salto. Um a um.
  O líder recepcionou o primeiro e em seguida, os que cruzaram aquele riacho acinzentado, se posicionaram, estendendo as mãos para recepcionar os próximos saltadores.
  Dá medo saltar sobre algo que você já caiu e ficou grudada por um tempo. Mas a sede de atravessar costuma ser maior e mais forte.
  Quando chegou minha vez, corri e contei com a força das minhas pernas, saltei com toda a força que eu poderia experimentar naquele momento e assim que a ponta dos meus dedos dos pés tocaram a outra margem, as mãos de alguém da equipe segurou as minhas, evitando que eu me desequilibrasse e caísse de costas naquele rio de cimento cinza.    Impressionante a sensação de alivio  e de estar salva que eu senti, assim que as mãos do colega foram postas sobre a minha pele. "Estou Salva!"
  Minha força conseguiu me levar até a outra margem, mas precariamente, pois não tive equilíbrio para me manter ali  e foi ai que as mãos dos colegas da equipe se fizeram tão importantes. Eu estava salva! Toda equipe estava! E os equipamentos também!

NÃO PAREM, OS MOSQUITOS NOS IMPULSIONAM

  Andamos por mais alguns minutos na mata, lembro-me até hoje das vozes atrás de mim clamando o tempo todo: NÃO PAREM, NÃO PAREM, NÃO PAREM.   
  Os mosquitos estavam famintos naquele dia, acreditando terem recebido um banquete terrestre, trataram de não desperdiçar nada. Se ficássemos parados por um instante que fosse, eles se aglomeravam sobre nós.
  Os mosquitos ditaram nossos passos, nos impulsionando para frente, aceleraram nosso caminho e nos auxiliaram a alcançarmos mais rapidamente nosso destino. Poderíamos ter-nos deixado sucumbir pelos insetos, mas ao invés disso, naquela situação nova e desafiadora para todos, resolvemos usar cada dificuldade como impulso para sairmos daquela situação o mais rápido possível.
  Mais alguns passos e nossos olhos esbarraram num riacho de cerca de 2 metros e meio de largura. Era um pouco fundo, não poderíamos atravessa-lo caminhando. Se não estivéssemos com os equipamentos nas costas poderíamos nadar, mas não era o caso. Carregávamos muitos reais em equipamentos. Nenhum poderia ficar sujeito a avarias.

O CAMINHAR ATÉ O SONHO É TÃO FASCINANTE QUANTO A SUA REALIZAÇÃO

  Mais alguns minutos de silencio e raciocínio alucinante do nosso líder. Então tiveram a ideia de pegar um tronco grosso de árvore e coloca-lo apoiado nas duas margens do riozinho. Haviam feito uma ponte, ou algo parecido com isso. Passar sobre um rio, carregando mochilas e equipamentos, tentando se equilibrar num tronco estreito, não é muito fácil para a maioria das pessoas.
  Dois integrantes da equipe, um deles, o líder, decidiram entrar no rio, com os pés sobre um leito grudento e pegajoso, eles se posicionaram no meio do trajeto  e ofereciam as mãos para quem estava atravessando, para que pudéssemos ter mãos que nos apoiassem, pelo menos na metade do percurso.  Andamos por nossa conta até o meio da distancia, quando encontramos as mãos amigas de quem estava num rio desconhecido, com os pés já cobertos por lama grudenta, prima da areia movediça que tentou me engolir alguns metros antes. Via-se em seus rostos o esforço que faziam para permanecerem ali, parados, oferecendo suas mãos aos mais desequilibrados.
  Isso me fez pensar sobre o que os lideres estão dispostos a sacrificar por causa dos que estão sob sua responsabilidade.
  Atravessar aquele rio límpido, escondido pelas arvores daquela ilha, apoiada sobre um tronco caído me fez pensar até onde eu iria para viver um sonho e mais do que isso, me ensinou que o caminhar até o sonho é uma parte fascinante de sua realização.  
  Atravessei aquele rio, andando passo a passo, descalça, para evitar algum escorregão, sentindo a madeira daquela árvore sob meus pés, contemplando o verde das folhas sobre nós, o azul do riacho límpido sobre mim e aquelas mãos dispostas a me ajudar na metade do caminho me fizeram, de repente, sentir o ar entrando com velocidade dentro do meu peito, como se eu tivesse sido jogada contra um ventilador. Me senti tão viva e estranhamente tão livre! Não sei se este é um momento que transparece liberdade para quem o lê, mas para mim, de alguma forma, todas aquelas cores e sensações, foram como uma injeção de endorfina e adrenalina, eu me sentia viva  e livre. E pronto. Sem justificativa que coubesse nesta afirmação. (CONTINUA...)
  

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