O Brilho da Palavra

O Brilho da Palavra

terça-feira, 28 de janeiro de 2014


MEU UNIVERSO INFINITO
  Ainda não pude regularizar minhas postagens por aqui, acreditem, tenho muito mais trabalho nas " férias"!!! E elas ainda vão até a segunda semana de fevereiro. Sinto muita saudade de estar mais presente aqui, mas podem crer, estarei de volta em breve, seguindo nossa rotina de postagens: SEGUNDA, QUARTA E SEXTA. 
  Por enquanto o que me resta são alguns momentos em que eu consigo "fugir" um pouco para vir até aqui, ou então eu passo as madrugadas escrevendo para (e com) vocês, enquanto todos daqui dormem, como foi no caso do livro virtual, que muitos acompanharam (confira no ARQUIVO DO BLOG), o livrinho foi todo escrito nas madrugadas... 
  Hoje fugi um pouco e vim correndo para cá! Preciso muito deste espaço! Desejo compartilhar com vocês algumas palavras que agora dançam dentro de mim, na verdade, eu nunca sei ao certo sobre o que vou escrever, até que coloco os dedos no teclado e então minha mente é banhada por uma cachoeira secreta, a qual faço questão de revelar para vocês!
  GALATAS 1:4 Por causa de Jesus, que se entregou por nós, hoje podemos viver num universo de Paz e de Vitória. "Desarraigados deste mundo perverso, porque isso sempre foi a vontade dEle." A imagem que tenho quando leio este versículo é muito forte. Nem sei se serei capaz de traduzi-la em palavras, mas vamos lá, tentarei:
  Vejo uma terra seca, que maltrata as plantas arraigadas nela, a iluminação neste cenário é uma penumbra estranha, como destes filmes de terror, quando você ainda não sabe o que vai acontecer, mas já pode prever que algo horrível está prestes a se concretizar. Existe um vento suave, porém cortante, uivando de leve o ar sobre a terra opressora.
  Mas então algo muda esta cena sombria: Do alto uma luz corta o escuro e a luz anuncia uma mão gigantesca que invade aquela terra hostil e o vento uivante para por um instante para assistir a cena. A mão é a única que não se intimida com tamanho terror, ela se aproxima lentamente, anunciando um carinho e um poder libertador nunca vistos antes naquele cenário.
  Contrariando a mensagem de medo que a terra sombria emana, a mão permanece descendo, segue em direção às plantas arraigadas nesta terra destruidora de vidas e esperanças, a mão sorri para as plantas que mal conseguem respirar. E então, numa expressão de poder, aquela mão invade a terra, rompe sua superfície e agarra com força a planta moribunda e a puxa para fora.
  Neste momento é revelado o que habitava, tentando sobreviver sob a terra: Enquanto pedacinhos de poeira e solo vão sendo arremessados para os lados, por causa da força com que a planta foi arrancada de lá, surge debaixo daquela superfície seca e opressora, um ser humano desesperado pelo ar, grudado como raiz naquela plantinha que acaba de ser arrancada dali.
  O ser humano está coberto de poeira seca, olhos ainda fechados, boca aberta num esforço real pelo ar, expressão sofrida, de quem luta pela vida.
  Nesta hora o vento inicia uma nova canção, não uiva mais, agora sopra livre, poderoso, alimentando de vida os pulmões, antes soterrados, daquele ser que acaba de vivenciar a experiência de ser resgatado: "Desarraigado deste mundo perverso"!
  Arrancado até a raiz! Desarraigado! Tirado com força e eficácia desta terra, deste mundo perverso. Mas não para por ai...
  Este Amor sublime não se limita a nos arrancar da subvida oprimida, Ele vai além, porque um dos Seus nomes é "ETERNO", então, qual seria o limite para alguém que é maior do que o infinito? Por isso mesmo, ele nos desarraiga da vida seca, escura e sem ar, plantando-nos em Seu Universo. O Seu universo é Belo e Infinito. O ar nunca falta, a luz se equilibra perfeitamente de acordo com nossas necessidades, o som é de musicas e de crianças brincando  soltas.
  Ele é o meu Universo. Habito nEle. Respiro Ele. E me alimento dEle, abundantemente. Estou sempre farta e transbordante de tudo o que é necessário para respirar e gerar vida.
  Porque um ser vivo  saudável está sempre gerando vidas por onde passa. Assim como um ser que brilha está sempre dividindo luz por ai. Assim como alguém incendiado, está sempre incendiando o que toca.
  Neste Universo é possível viver a plenitude daquilo para o que nascemos. Somos feitos livres para isso.
  Se teu coração busca essa plenitude, a Mão Poderosa virá te desarraigar deste mundo perverso, desta terra opressora, te levará para a liberdade e será finalmente livre e poderá perceber a quantidade de cadeias que carregava, mesmo julgando ser livre. Mas este tempo está contado. Acabou.
  Desarraigados deste mundo perverso que aprisiona. Seja Livre! Seja Livre! Respire! Ele te oferece um UNIVERSO Infinito.
 
SEJAS MEU UNIVERSO

Mari Brilho
(Prometo que volto! Aproveite o Universo!)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

PORQUE O AMOR DE DEUS, NÃO CABENDO EM SI MESMO, TRANSBORDOU E PREENCHEU TODA A TERRA.

Braços Estendidos
 
Olhar Atento
 
Respiração Presa
 
Coração Transbordando Sangue
 
Mãos Macias
 
Palavras Doces
 
Sonhos Maiores
 
Pés Firmes


De modo assombroso Ele te ama.

Seu pulso repete o som da declaração apaixonada por VOCÊ:

EU- TE A-MO   

EU- TE A-MO 

EU- TE A-MO

Romanos 8:35 Nada é capaz de nos separar do Amor de Deus! Não importa onde esteja, não importa teu passado, não importa teu sobrenome, nem tuas coisas quebradas, NADA DISSO pode te separar deste grande Amor! Ele te Ama.

Aba Pai.

Sabe aquele teu sonho mais audacioso?

Será pequeno, quando comparado com o Sonho que Ele está preparando para você.

Ele já criou o roteiro, os personagens e os expectadores, Ele já organizou o rolo de imagens, as portas já estão abertas, a sirene já tocou.

Hora do Filme!

Tua História está pronta para acontecer!

Prepare-se!

PORQUE O AMOR DE DEUS, NÃO CABENDO EM SI MESMO, TRANSBORDOU E PREENCHEU TODA A TERRA.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Livreto Virtual (Última Parte)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"


A ALEGRIA VEM PELA MANHÃ

  As vozes misturadas proclamam, "um dia tudo passa".

  Todo aquele cansaço, todos aqueles desafios, toda aquela sensação de estar perdido e sem saber qual a melhor decisão, tudo isso um dia passa.
  As tempestades solares não duram para sempre. A noite não é e nunca será eterna. Afinal, a bíblia nos conta, no livro de Salmos, capitulo 30, verso 5, que  "O choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã."
  O Sol da Justiça aparece em nosso horizonte, o Seu calor evapora nossas lagrimas, Sua luz ilumina o caminho mais prospero e tudo que durante a noite, parecia confuso, impossível e cansativo, agora com a luz da Estrela da manhã, se transforma em algo muito viável e palpável. As lágrimas dão lugar ao sorriso!

AS AFLIÇÕES EXISTEM, MAS, ANIMEM-SE, EU VENCI O MUNDO

  Quando estamos sendo convidados a viver um sonho, acreditamos, de alguma forma, que o sonho será perfeito, que tudo irá se misturar e se transformar em algo sem falhas, nem imprevistos ruins. Acreditamos que nosso sonho será cor-de-rosa, que tudo será intenso e bom, ausente de desafios maiores.
  Isso é ilusão. Jesus já havia dito: No mundo vocês terão muitas aflições, mas animem-se, Eu já venci o mundo (João 16:33). Esperar perfeição de seres naturalmente imperfeitos não é muito esperto de nossa parte.
  O sonho vai virando realidade. E a realidade não brilha luzes de neon como o sonho, ela é mais áspera, mais seca, mais quebradiça, mais difícil do que o sonho.
  A realidade é um choque estampado em nossa cara, gritando que somos seres flexíveis, capazes de adaptação, inteligentes e livres para reformular planos e sonhos, de acordo com a realidade que se apresenta.
  Naquela manhã eu percebi isso. Nossa rota inicial tinha sido inundada, a areia movediça havia se imposto diante de nós e um riacho profundo apareceu para nos confundir. Nada estava saindo como havíamos planejado...
  Que saudade dos meus sonhos, onde tudo naquela manhã seria suave e agradável. Mas, eu estava acordada e de pé, diante da REALIDADE. Eu poderia ter dado meia volta, fugido da realidade e corrido para meu travesseiro, voltado para meus sonhos onde tudo era perfeito.
  Mas teria sido um desperdício. Não sou de desperdiçar oportunidades. Qual era a oportunidade naquela manhã? A oportunidade era estreitar laços, andar em equipe, fortalecer a confiança e experimentar momentos desafiadores que me dariam a possibilidade de vivenciar sensações únicas de superação, de apreciação da natureza e de união com parceiros de estrada.
  Então, "tudo passa", como as vozes proclamam: As  dores, o cansaço e a sensação de estar sozinho na estrada escura, tudo isso passa.

FACE A FACE COM A ETERNIDADE

  Qualquer tribulação nesta vida se torna passageira, quando conhecemos a revelação da glória eterna.
  O que veremos face a face é de tirar o folego e de arrepiar. Você terá esta oportunidade de olhar nos olhos e ver o Eterno. Não se assuste se depois disto tudo ficar reduzido a nada. Faz parte de quem contempla o que é para sempre. As dores, as preocupações, as distancias, tudo fica reduzido, apenas uma coisa permanece e é aumentada: O Amor! Pois a Eternidade é feita de Amor. E o Amor é Eterno.

NOS PASSOS DO MEU LIDER

  Terminei de atravessar o riacho, caminhando sobre o tronco daquela arvore caída, apoiada sobre as duas margens daquele riozinho. Ao chegar na outra margem, fiquei observando o resto da equipe que ainda precisava atravessar. Eles estavam com muito medo. E as mãos prontas para apoiar quem necessitasse estavam ali, no meio do percurso, dispostas a segurar quem precisasse.
  De mochila nas costas, sandálias nos pés, continuei o trajeto dentro daquela ilha de mata fechada. Tudo o que me lembro desta parte da caminhada são três elementos: O sol amarelo, algumas folhas verdes salpicadas nos galhos das arvores sobre nós e os pés dos meus parceiros e lider. Eu estava atenta aos seus passos. Seguia-os o tempo todo, tentando evitar perde-los ou pisar em falso.
  Eu estava descobrindo a importância de aprender com os que vão na frente. Eles me ajudavam a percorrer o meu sonho de forma mais segura. Eu havia me jogado num poço de areia movediça, mais cedo, por desconhecer a necessidade de aprender com aqueles que estão à frente, mas não estava disposta a "me jogar" no mesmo erro novamente!
  Meus líderes não me impediram de inventar novos modos de percorrer o caminho, também não limitaram meus sentimentos quando vivi as experiências do meu caminhar, mas, com cuidado e respeito me avisaram sobre os detalhes desta mata.  
  Agora eu observava seus passos atentamente. Continuei experimentando  movimentos diferentes, mas já sabia reconhecer a presença, a função e a importância de um bom líder em situações árduas. E nós tínhamos um! Eu aprendi com ele! E construí as minhas experiências!

AGUAS BARULHENTAS - O SOM DOS GOLFINHOS

  Algum tempo depois, chegamos a outra ponta da ilha. Sim! Avistamos o mar novamente. Haviam turistas nas águas. E ... golfinhos também!
  No inicio duvidei da presença deles na agua, pois o oceano estava com uma cor amarronzada, como se estivesse com aguas barrentas, impossibilitando a visualização dos animaizinhos na agua.
  Entrei no mar. Um colega me ensinou a coloca um dos ouvidos na agua e esperar atentamente. Passados poucos instantes, ouvi o som deles, enquanto se comunicavam. Eram muitos.
  Aquele sorriso bobo tomou posse da minha boca novamente, eu mal conseguia acreditar: Estava na agua, com os golfinhos! Embora não conseguisse ver onde estavam, eu conseguia ouvi-los perfeitamente.
  Ouvi os sons que eles produziam e depois de alguns minutos, me acostumei com aquelas aguas barulhentas. Os golfinhos se aproximaram de uma turista que estava gravida, parece que eles tem mais interesse em conhecer seres que carregam "dois corações". Os golfinhos costumam rodear todas as gravidas que encontram!
  Eles são seres impressionantes. Vários relatos contam que os golfinhos e algumas baleias, resgataram pessoas que caíram no mar.
  Uma das teorias é que os golfinhos adultos levam seus bebes para a superfície, para respirarem o mesmo ar que nós. Sim! Eles respiram oxigênio, como nós! Por isso precisam aprender a subirem à superfície para respirar.
  No inicio, o bebe golfinho pode se perder um pouco e não saber ao certo onde fica a superfície. De dentro da agua profunda de um oceano escuro, poucas coisas te revelam a direção da superfície...
  Por algum motivo muitos golfinhos e baleias entendem que precisam levar até a superfície os seres humanos que estão se afogando, para que eles encontrem ar e consigam se manter vivos.
  A verdade é que eu ainda não encontrei ao certo a teoria comprovada sobre o que motiva um animal marinho a levar um ser humano até a superfície, para ajuda-lo a respirar, quando este está se afogando. Mas esse é um dos motivos pelo qual estes animais são tão fascinantes para mim!

O BARCO RESGATADOR

  A tarde estava sendo incrível, mas precisávamos voltar para casa (pousada), pois todos os turista já haviam voltado em seus barcos turísticos e nós havíamos escolhido ficar mais um pouco, acreditando que mais alguns barcos passariam por ali. Mas acabamos nos esquecendo dos barcos, de seus horários programados e do temporal que estava se formando.
  Quando nos demos conta saímos da água e corremos até um ponto da ilha que ainda havia chance de ser visitado por algum barco, provavelmente o ultimo barco do dia.
  Esperamos por muito tempo, as nuvens foram ficando cada vez mais escuras e densas sobre nós. Alguns de nós, inclusive eu, decidimos esperar o nosso milagre-barco, brincando mais um pouco na agua.
  Mas o tempo começou a passar rápido naquela ilha e nenhum barco aparecia por ali. Até que o ultimo barco do dia apontou bem ao fundo de nossa vista. Precisávamos chamar sua atenção, para que houvesse chances de ele mudar seu curso turístico e nos resgatar dali antes da tempestade.
  Estávamos torcendo por isso, pois passar a noite numa ilha deserta não é nada romântico quando você não tem barraca, nem fogueira, nem comida, nem agua, a não ser a agua do temporal que se pronunciava torrencialmente diante de nós.
  Pode ser animador e desafiador e até agradável para alguns, mas nós desejávamos ir para nossa casa (pousada), evitar mais picadas, evitar o temporal sem abrigo, evitar a noite sem fogueira e o fim do dia sem nenhuma refeição. Ainda estávamos só com aquele café da manhã da pousada. Tínhamos consumido alguns lambiscos durante o dia, mas nada mais. Cansados e com fome.
  Mas extremamente felizes e animados, como é de costume, quando nos libertamos de nossos sonhos "cor-de-rosa", encaramos a realidade e aprendemos a viver nossos sonhos dentro do que é real.
  Porque o sonho perfeito nos mantem em nossa zona de conforto, mas a realidade nos despeja de lá, nos chama à aventuras incríveis e nos revela o tamanho de nossa força e  de nossa capacidade de se reajustar! 
  O barco estava lá, bem longe de nós e seguia seu curso sem nos avistar. Camisetas rodopiando no ar, gritos, assobios, saltos, coração na mão e agua nos olhos!
  "ESTAMOS AQUI! POR FAVOR, NOS VEJA. VENHA NOS PEGAR!"
  Por alguns longos minutos repetimos esta frase ao vento. Até que num movimento muito lento, o barco começou a mudar seu curso e se voltou à nós! Estávamos salvos! Ele havia nos visto!
  Aquela sensação de ser resgatada é algo que me emociona, sempre.
  Lembro-me quando Jesus me resgatou, como aquele barco resgatador. Em minha vida, eu me encontrava sem fogueira, sem agua, sem comida, visualizando a grande tempestade e escuridão que se anunciavam sobre mim, querendo me aprisionar ali.
  Como aquele barco, Jesus veio até mim e eu pude suspirar aliviada: Estou Salva! Jesus me resgatou de minha ilha deserta, onde estava previsto grande temporal e escuridão.
  Se você também está necessitado, esperando seu barco resgatador, tenho Boas Novas: Ele já chegou! Jesus é o maior e mais seguro barco resgatador que já experimentei. Não espere mais, permita que Ele te acolha, te proteja, te resgate e te ajude.
  Naquela ilha, desesperada por um barco que viesse nos recolher, eu sacudi camisetas ao vento, mas você não precisa fazer isso, basta pedir a Ele: Jesus, me resgate! Estou esperando meu barco salva vidas há muitos anos e ainda me encontro aqui, esperando. O sol já me castigou muito, estou cansado, desejoso de um resgate verdadeiro, não quero mais entrar em barcos furados. Resgata-me. Sou Teu agora. Me conduza e me faça livre desta ilha. Quero ser um novo homem e viver uma nova vida, amém!

TERRA FIRME, CHUVAS E LÁGRIMAS

  Ao pisar em terra firme, já na cidadezinha onde estávamos hospedados, a chuva começou a cair. Eu estava na rua, cansada, como se tivesse levado uma surra, mas a chuva caiu sobre a cidade e eu a recebi de olhos fechados e braços abertos.
  Aquelas aguas do céu lavaram minha alma, selando as experiências que eu havia vivido ali. Respirei fundo, agradeci profundamente, sem palavras. Minhas lágrimas se uniram às gotas de chuva em meu rosto e encharcaram todo o meu corpo.
  No dia seguinte, meus pais apareceram na frente da pousada, dentro do nosso carro e as palavras de minha mãe foram: Viemos te buscar, antes que você se esqueça de voltar para casa.  Você está parecendo uma caiçara, precisa comer, dormir, trocar estas roupas, lavar direito este cabelo salgado, limpar as unhas, hidratar tua pele queimada de sol, vamos, se despeça da equipe e entre no carro, estou mandando.
  Havia acabado.

O SOL DA JUSTIÇA BRILHARÁ SOBRE TI

  Embora eu estivesse mesmo precisando de tudo aquilo que minha mãe disse, eu não sentia necessidade nenhuma, nem desejo, de me desfazer daquela vida, daquela realidade que eu aprendi a experimentar de forma tão intensa e verdadeira.
  Mas eu só poderia obedecer. Eles haviam dirigido muitos quilômetros para me levar de volta para casa. Dormi profundamente a viagem toda, coisa raríssima, pois amo a estrada e não gosto de perder tempo dormindo, a estrada  é um dos meus lares preferidos. 
Porém, naquela viajem, que nem sei dizer se começou de tarde ou de manhã, eu só me lembro das minhas tentativas de permanecer acordada durante a viagem e de como foi impossível atender a esse desejo. Dor-mi. Mu-i-to.
  Lembro-me, que dias depois, o som dos golfinhos e o balanço das ondas ainda estavam em meu ser, eu não pude permanecer no mar, no sal e na areia, mas carreguei eles comigo. E cansei de ouvir a frase: -Mari, olhar para você é como ver a praia.
 E de fato, eu a levei comigo. Meu coração bate num movimento de ondas, meus olhos revelam o sopro intenso do Vento que se move em meu interior e todo meu ser revela o brilho daquele sol amarelo impetuoso sobre as aguas do oceano da Terra.  
  Minhas ondas estão para alcançar as nações, o Vento que sopra em meus olhos trará doces novidades para a Terra e minha boca anuncia que o Sol da Justiça está para começar Seu lindo espetáculo sobre a Terra. E não existirá esconderijo para aquele que desejar fugir de Sua poderosa Luz Eterna!

Levanta-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti; (Isaias, 60:1)
 
    (MUITO OBRIGADA POR ACOMPANHAR ESTA AVENTURA COMIGO! O LIVRINHO VIRTUAL SE ENCERRA AQUI. MAS EM BREVE VOLTO PARA COMPARTILHAR OUTRAS HISTORIAS E TEXTOS COM VOCÊS! AGUARDEM.)
 
 
 
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Livreto Virtual (Parte 6)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

VIDA OU MORTE? HORA DE DECIDIR!

  Naquela manhã sentia-me como quando terminamos de assistir um bom filme. Meu coração estava cheio e até transbordava, mas estranhamente estava mais leve do que o de costume. Uma poção perfeitamente equilibrada de Entusiasmo e Paz movia-se, borbulhando em meu interior e aquele sorriso teimoso continuava carimbado em meus lábios.
  Após alguns minutos na balsa, chegamos em uma pequena ilha. Nossa intensão era registrarmos com máquinas fotográficas e outros equipamentos profissionais, a presença dos golfinhos na encosta daquela ilhazinha.
  Mas chegamos um pouco tarde e a maré estava começando a subir. Estávamos à pé, o pessoal da equipe conhecia bem este caminho, beirando as ondas, havíamos nos programado para percorre-lo até o ponto onde iriamos montar os equipamentos e registrar as peculiaridades da vida dos golfinhos naquele lugar. 
  Mas aquela ilha era uma mata densa, com muitas raízes de arvores, arbustos e folhagens emaranhadas. Havia muito pouca orla. Quase não podíamos visualizar a areia sob nossos pés. A água do mar se aproximava de nós muito rapidamente.
  Minutos depois encontramos um senhor que passava por ali, ele nos advertiu sobre a subida repentina da maré e seu perigo iminente, característico daquele lugar.
  E lá estávamos nós, com água até os joelhos, equipamentos caros divididos sobre as costas de todos da equipe e um aviso que piscava no letreiro: VIDA OU MORTE, HORA DE DECIDIR
  O caminho que conhecíamos era aquele que estava sendo inundado pelas ondas do mar a cada minuto, qualquer outro caminho era desconhecido. 
  Nosso líder parou seu passo num instante, a expressão preocupada estampada no rosto, o peso da responsabilidade da vida de todos os seus colaboradores estava expresso em seu olhar.
  Ele tentou avançar mais um pouco: Ficamos com água até a cintura e então, como um relâmpago no céu, ele declarou: "Voltem. Voltem. Vamos voltar." 
  Já não podíamos ver onde pisávamos e éramos jogados, às vezes, contra as raízes subaquáticas de algumas plantas, tudo estava sendo coberto pelas águas do oceano. Elas haviam decidido que era hora de encobrir a terra, bloquear nosso caminho e mudar nosso destino.
  Aceitamos, pois em caminhos ermos precisamos saber lidar com retornos e desvios. Mas a preocupação de nosso líder era compreensível: Ele não conhecia outro caminho. E o único que conhecia estava sendo tomado pelas águas, ameaçando sua equipe e todos os sofisticados equipamentos que carregávamos. 
  Mudar de caminho, mudar de rota e aceitar o novo e o desconhecido dá medo, insegurança e ansiedade, ainda mais quando temos vidas sob nossa responsabilidade.
  Voltamos carregando os equipamentos e mochilas no alto de nossas cabeças, tentando evitar que fossem atingidas pelas ondas.

PILULA AZUL, OU VERMELHA, QUAL VAI SER?

  Em momentos como este é que percebemos como somos vulneráveis às mudanças da natureza e das situações. Não sabemos controlar as coisas à nossa volta, porque ainda não sabemos controlar nosso interior. A língua que desejamos calar, nos domina, os pensamentos que desejamos anular, nos sobrevêm, os sentimentos que desejamos esquecer, fluem como aquele oceano, tentando nos engolir. Quem somos nessas horas? Quem somos nestas horas?
  Agimos como mosquinhas atordoadas, tentando correr para todo lado, assustadas, conferindo aos oceanos da vida a força que deveria estar em nós, sob nosso domínio. Você duvida desta possibilidade?
Jesus, Yeshua, estava indo encontrar seus amigos num barquinho, mas decidiu ir andando, ao invés de nadar, ou pegar uma canoa que o levasse até lá, o detalhe descrito no livro de Mateus, capitulo 14, verso 25 é que Ele foi andando SOBRE AS ÁGUAS.
  Sugiro que reflita sobre tua fé e o que tem feito com ela, antes de afirmar que a bíblia é um livro metafórico, tentando se convencer que esse fato não seria capaz de acontecer. Porque em algum espaço do teu ser, você reconhece a voz da sabedoria e discernimento que gritam o quão viável é este fato e muitos outros (afinal, Obras Maiores farão, aqueles que tem fé em Mim, disse Jesus em João 14, verso 12).
  Então em algum lugar dentro de ti, você ouve a voz da Verdade e sabe que ela é confiável, mas, como um cavalo de visão limitada, crê apenas naquilo que te parece real. Mas o que é real? Aquilo que você vê e sente com as mãos? Ou aquilo que você crê e constrói enquanto exercita tua fé?
O que é real?
Ambos são reais!
Então a questão agora seria:

Se ambas as realidades existem, qual te domina? 

  Cartas na mão, ir ou recuar. Você decide. O dono das cartas não pode decidir pelo jogador. Hora de decidir: Pílula Azul, ou Vermelha? Hora de acreditar que você é o Escolhido e que pode refazer os modos de lidar com estes programas atuais, desconfigurando-os, anulando-os e reformulando-os. Surpreendendo programas velhos e egoístas, amando e lutando pelos que ainda estão cegos e sugados pela Matrix. Decida. 
  Ver o real com outros olhos, ou fingir que nunca desconfiou que a vida era algo mais do que criar barriga, ver o cabelo cair, comprar carros e perder tempo com aquilo que morre neste mundo. Tudo o que vive no tempo do Eterno, isso vale a pena.
  Reflita então: Pílula Azul? Pílula Vermelha? O fabricante das pílulas não pode escolher por você. Qual vai ser, meu irmão?! Escolha com coragem. Vá mais além, escolha tuas asas e liberte-se. Pois, foi feito para o voo. 

  Voe, é o meu convite para você! 

  O que você tem feito com a tua fé? No livro de Tiago, capitulo 2, verso 18, ele afirma: Mas alguém dirá: "Você tem fé; eu tenho obras". Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé PELAS obras.
  Faça um grande favor à tua felicidade e passe a viver conforme a tua fé. E trabalhe duro para que esta seja crescente a cada momento. Se eu pudesse escolher por você, escolheria viver o que a boca confessa crer. Pois as palavras são mortas, vazias e apodrecedoras, se não estão envolvidas pela prática. Já diziam os antigos: Falar é mais fácil do que fazer.
Mas ninguém disse que seria impossível. E se disseram, eu tenho minha vida como outdoor que contraria impossibilidades.
  Eu caminho sobre as águas? Eu alcancei a perfeição? Não. Mas corro em direção ao alvo, deixando para trás meus limites do passado, avanço para minha meta e meu destino (Filipenses 3:13). 
  Se quiser, venha comigo. Será mais recompensador do que ficar sentado de lado, criticando. Mas a cor da pílula é uma escolha que apenas você poderá fazer. Eu já tomei a minha. E sou livre.

AREIA MOVEDIÇA

  Andávamos o mais velozmente que  a água nos permitia. Estávamos cansados, antes mesmo de chegar ao local das atividades daquele dia. E ainda nem sabíamos como chegar lá.
  Caminhamos até onde deu. Decidimos tentar chegar ao local cortando a mata fechada da ilha. Andamos por uns minutos, com as roupas molhadas por causa da água do mar que tinha nos alcançado, com os equipamentos nas costas,  o suor no rosto, o sol na cabeça e muitos gravetos nas canelas.
  Foi quando nos deparamos com um riacho esquisito. Eu nunca havia visto nada parecido. Estava ali, bem em nossa frente um riacho denso, da cor cinza, meio esbranquiçado, denso como o cimento.
  Todos permaneceram parados, olhando desafiados por aquele riachinho de 1 metro e meio de largura.
Duvidei que algo tão estreito tivesse paralisado uma equipe tão decidida e animada como a nossa.
  E perguntei: Porque não tentamos? Eles sacudiram as cabeças, negando e o líder disse, "é areia movediça". Eu, atrevidamente teimosa, insisti, "não pode ser tão ruim assim. Vamos! Em três passos estamos do outro lado da margem."
  Mas a equipe permanecia calada. Ainda sem saber o que fazer, novamente. E um silencio decepcionante se instalou no meio daquela mata e os mosquitos começaram a judiar muito de nossa pele, picadas após picadas, mas ninguém se movia.
  Eu me cansei daquilo, ainda não havia percebido qual era nosso inimigo naquele momento. Eu o subestimei e num impulso, repeti: "Não pode ser tão difícil assim, em três passos estamos na outra margem" e pulei naquele rio de cimento. Afundei até os joelhos logo de cara. Tentei mexer um dos pés para dar o próximo passo, mas afundei mais ainda e foi neste momento que percebi o tamanho da encrenca que eu havia me metido.
  Sem conseguir mover os pés, me agarrei nas pedras da margem de onde eu havia acabado de saltar e, não me importando com os restos de conchas arraigadas nelas, que formavam uma espécie de navalhas múltiplas (chamadas popularmente de cracas), segurei-me com toda a força que meus braços puderam exercer e com todo desespero pela vida que minha alma pode carregar e me tirei dali, enquanto minhas pernas eram cortadas e rasgadas por algumas destas cracas, grudadas nas pedras.
  Ótimo! Empacados, cansados, frustrados, picados por todos os insetos do mundo florestal, queimados pelo sol mais uma vez, carregando mochilas pesadas e suados, eu agora ainda estava suja de lama e com sangue escorrendo pelas pernas.
Enquanto eu avaliava o tamanho do estrago nas pernas, repensava meus impulsos e suas consequências e aprendia mais uma lição sobre os verdadeiros lideres: Quando dizem "não" é por estarem refazendo uma estratégia, para que ela cause mais acerto do que erro!

PODE SALTAR, MINHA MÃO TE SUSTENTARÁ

  Graças a Deus alguém decidiu romper com o silencio, sugerindo que o melhor ali era saltar. O líder foi primeiro. Depois os equipamentos foram lançados até as mãos dele. Em seguida a equipe começou a tomar distancia e correr para o salto. Um a um.
  O líder recepcionou o primeiro e em seguida, os que cruzaram aquele riacho acinzentado, se posicionaram, estendendo as mãos para recepcionar os próximos saltadores.
  Dá medo saltar sobre algo que você já caiu e ficou grudada por um tempo. Mas a sede de atravessar costuma ser maior e mais forte.
  Quando chegou minha vez, corri e contei com a força das minhas pernas, saltei com toda a força que eu poderia experimentar naquele momento e assim que a ponta dos meus dedos dos pés tocaram a outra margem, as mãos de alguém da equipe segurou as minhas, evitando que eu me desequilibrasse e caísse de costas naquele rio de cimento cinza.    Impressionante a sensação de alivio  e de estar salva que eu senti, assim que as mãos do colega foram postas sobre a minha pele. "Estou Salva!"
  Minha força conseguiu me levar até a outra margem, mas precariamente, pois não tive equilíbrio para me manter ali  e foi ai que as mãos dos colegas da equipe se fizeram tão importantes. Eu estava salva! Toda equipe estava! E os equipamentos também!

NÃO PAREM, OS MOSQUITOS NOS IMPULSIONAM

  Andamos por mais alguns minutos na mata, lembro-me até hoje das vozes atrás de mim clamando o tempo todo: NÃO PAREM, NÃO PAREM, NÃO PAREM.   
  Os mosquitos estavam famintos naquele dia, acreditando terem recebido um banquete terrestre, trataram de não desperdiçar nada. Se ficássemos parados por um instante que fosse, eles se aglomeravam sobre nós.
  Os mosquitos ditaram nossos passos, nos impulsionando para frente, aceleraram nosso caminho e nos auxiliaram a alcançarmos mais rapidamente nosso destino. Poderíamos ter-nos deixado sucumbir pelos insetos, mas ao invés disso, naquela situação nova e desafiadora para todos, resolvemos usar cada dificuldade como impulso para sairmos daquela situação o mais rápido possível.
  Mais alguns passos e nossos olhos esbarraram num riacho de cerca de 2 metros e meio de largura. Era um pouco fundo, não poderíamos atravessa-lo caminhando. Se não estivéssemos com os equipamentos nas costas poderíamos nadar, mas não era o caso. Carregávamos muitos reais em equipamentos. Nenhum poderia ficar sujeito a avarias.

O CAMINHAR ATÉ O SONHO É TÃO FASCINANTE QUANTO A SUA REALIZAÇÃO

  Mais alguns minutos de silencio e raciocínio alucinante do nosso líder. Então tiveram a ideia de pegar um tronco grosso de árvore e coloca-lo apoiado nas duas margens do riozinho. Haviam feito uma ponte, ou algo parecido com isso. Passar sobre um rio, carregando mochilas e equipamentos, tentando se equilibrar num tronco estreito, não é muito fácil para a maioria das pessoas.
  Dois integrantes da equipe, um deles, o líder, decidiram entrar no rio, com os pés sobre um leito grudento e pegajoso, eles se posicionaram no meio do trajeto  e ofereciam as mãos para quem estava atravessando, para que pudéssemos ter mãos que nos apoiassem, pelo menos na metade do percurso.  Andamos por nossa conta até o meio da distancia, quando encontramos as mãos amigas de quem estava num rio desconhecido, com os pés já cobertos por lama grudenta, prima da areia movediça que tentou me engolir alguns metros antes. Via-se em seus rostos o esforço que faziam para permanecerem ali, parados, oferecendo suas mãos aos mais desequilibrados.
  Isso me fez pensar sobre o que os lideres estão dispostos a sacrificar por causa dos que estão sob sua responsabilidade.
  Atravessar aquele rio límpido, escondido pelas arvores daquela ilha, apoiada sobre um tronco caído me fez pensar até onde eu iria para viver um sonho e mais do que isso, me ensinou que o caminhar até o sonho é uma parte fascinante de sua realização.  
  Atravessei aquele rio, andando passo a passo, descalça, para evitar algum escorregão, sentindo a madeira daquela árvore sob meus pés, contemplando o verde das folhas sobre nós, o azul do riacho límpido sobre mim e aquelas mãos dispostas a me ajudar na metade do caminho me fizeram, de repente, sentir o ar entrando com velocidade dentro do meu peito, como se eu tivesse sido jogada contra um ventilador. Me senti tão viva e estranhamente tão livre! Não sei se este é um momento que transparece liberdade para quem o lê, mas para mim, de alguma forma, todas aquelas cores e sensações, foram como uma injeção de endorfina e adrenalina, eu me sentia viva  e livre. E pronto. Sem justificativa que coubesse nesta afirmação. (CONTINUA...)
  

sábado, 11 de janeiro de 2014

Livreto Virtual (Parte 5)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

O MUNDO SEM PALAVRAS

  Um sorriso de canto de boca, me acompanhava quando subi as escadas, depois daquela experiência no café da manhã.
  Impressionante como nos sentimos satisfeitos quando as muitas partes das nossas vidas se encaixam, formando a imagem completa de um quebra-cabeça incrivelmente belo e perfeito.
  Você entende o que eu digo? Você sabe entender as palavras que não são ditas? Sabe perceber as palavras que o Vento sussurra, enquanto balança teu cabelo e te faz fechar os olhos? Você entende o que é dito no silencio? Sabe do que falo? Do que você tem sede? Precisa do quê? Sabe do quê?
  Eu sei, bem sei, que uso a palavra, mas a verdade é que tudo o que mais desejo não tem palavra, nem nome. É algo impronunciável, quase assustador, Sua força e Sua presença me calam. É amor e poder, misturados em doses perfeitamente equilibradas.
  De dentro do meu quarto fui chamada pelo silencio do Vento. Parei de arrumar minhas roupas amarrotadas por um instante e fixei o olhar no absoluto nada. Paralisada no tempo, como uma estátua petrificada permaneci. Sem pensar, sem falar e sem me justificar para mim mesma, virei-me para a porta da varanda e abri-a, tão suave e decididamente que pareceu-me ter passado por ela, sem abri-la, como um fantasma que atravessa paredes teria feito!
  Ao pisar naquela varanda, esqueci-me onde estava, os relógios pararam de existir e tudo o que permaneceu neste mundo paralelo, que aquela varanda me ofereceu, foi o Ar que eu respirava e o Vento que passava sobre meu rosto.
  Não pude manter meus olhos abertos, eu não queria entender o que eu estava fazendo, pois visitava o mundo onde as palavras são desnecessárias. O Vento. Este era meu mundo.

FAÇO PORQUE É O QUE SOU

  Eu acompanhava o Ar que entrava dentro de mim, como se fizesse parte dele e observava o Seu agir em meu interior. O Vento soprou desempoeirando tesouros escondidos. Descobri meus tesouros. Descobri vida. Descobri amor. Descobri autonomia e liberdade. E ainda mais: Descobri quem Eu Sou.
  O Vento já te soprou esta revelação sobre si mesmo? Somos tão mais capazes do que pensamos! Somos tão mais importantes do que podemos imaginar! Somos muito mais amados do que conseguimos acreditar! Somos uma fagulha do sopro daquele Vento. Somos o Vento também (Como está escrito em Genesis, capítulo 1, versículo 26 da Bíblia: Então disse Deus: Façamos o homem igual nossa imagem e nossa semelhança.)... SOMOS O VENTO! E por isso nada nos é impossível.
  O Vento entrava em mim e revelava os meus tesouros, desempoeirando-os  e tornando-os ativos e livres . Meus tesouros são quem eu sou.
  Existe uma propaganda que declara algo parecido com essa ideia: Não faço pela fama, nem pelo premio, nem para ser aceito por alguém, faço porque é o que sou.

MUITO PRAZER, SOU FILHA DO VENTO!

  Enquanto o Vento me revelava quem eu sou, Ele me acariciava o rosto, mexendo em meus cabelos, me transportando para dentro do Seu coração. Sim, meu Pai-Vento possui um coração e eu o visitava naquele instante. Seu coração é a fonte do Vento que me sopra por toda esta vida! Seu coração é o berço do Vento que me leva para passear. Sim, sou filha do Vento. Muito prazer!
   Ouvi alguém bater na porta.
-A gente está saindo Mari, vamos garota!
-Para onde vamos? Perguntei sem saber onde eu estava de fato.
-A balsa nos espera. Temos que correr. Vamos?!
-Tá. Já vou. Respondi, catando minha mochilinha. Antes de abrir a porta, olhei para traz, conferindo aquela varanda onde o Vento havia me visitado, me acariciado e me falado em silencio. Sem palavra alguma, entendi tudo.
-Mariiiiii, estamos indo sem você garota.
  Abri a porta e a segui escada abaixo para não perder a carona. O sorriso de canto de boca, que me acompanhou durante a subida daquelas escadas, minutos antes, voltou aos meus lábios enquanto eu descia os degraus.

 ASAS E VENTO

  Asas e Vento são como café com leite, arroz com feijão, pé direito com pedal do acelerador, voz e microfone, a função de um encaixa na função do outro, perfeitamente. Eu sou águia. Deus é minha rajada de Vento.
  Subo alto. Alcanço impossíveis, sou livre para isso e muito mais. Ainda curso a escola de voo livre. Estou aprendendo a voar.
 
  Bem vinda aos céus pequena ave, está agradável a vista hoje? -Deus me pergunta.
  Sim Senhor, está lindo. E o vento está perfeito!- Respondo.
  Aproveite então pequena ave. -Ele sorri enquanto fala.
  Uhuuuuu! Valeu Pai. -Grito enquanto mergulho no céu!
 
  A balsa atravessou o pedaço de oceano que nos separava de uma ilhazinha especial, onde vivenciei a melhor trilha da minha vida, a mais desafiadora e surpreendente experiência em trilha que já tive! Mas este é assunto para o próximo capitulo.(CONTINUA...)


 
 


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

  Livreto Virtual (Parte 4)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

  A TERRA É AZUL

  Eu estava deitada ainda, mas o sol já havia aparecido na janela do quarto, eu queria permanecer ali, descansando meu corpo, mas o calor e a luz eram incômodos, já às 6 ou 7 horas da manhã.
  De olhos fechados, eu sentia o suor, grudado como cola, em minha pele, os mosquitos zuniam em meu ouvido, rodando em volta de mais uma vitima.
Eles rodavam e rodavam, sem saber ao certo onde picar, pois havia sobrado muito pouco em minha pele que ainda não tinha sido picado por eles.
  Eu estava cansada. Sentia-me flutuando na marola do oceano, indo e voltando com as ondas e suas espumas brancas.
  Cansada. Mas meu companheiro, o oceano, não se cansa de marear os pescadores, não se cansa de esconder peixes em seu vai e vem, o mar nunca se cansa de seu movimento.
  Suas águas banham a Terra inteira. A Terra é dividida por suas águas, mas elas estão unidas numa só, sobre a face da Terra.
  Elas mudam de nome, dependendo do pedaço de terra que ela banha, mas elas jamais são separadas, estão constantemente conectadas, unidas.
  "A Terra é Azul!"- Anunciou Yuri Gagarin, quando visitou os céus, em sua nave espacial. As águas do Oceano Índico, por exemplo, são as mesmas águas do Oceano Pacífico. A água percorre toda Terra. Ela carrega histórias e contos de todos os povos. Chega em todos os cantos da Terra, sem ter que se despedir de nenhum deles.  
  Seus braços alcançam todas as terras, ao mesmo tempo. Somos alguns aglomerados de densas terras, cercados pela MESMA água.
  A divisão de tudo não passa de ilusão, de convenção. Pois quem olha lá de cima, tudo o que  pode ver, é a cola que nos une: "A Terra é Azul!" ÁGUA.
  Estamos mais unidos do que podemos compreender. Somos mais irmãos do que podemos imaginar. Somos pedacinhos da mesma Obra Prima.

CORES DISTINTAS NA MESMA TELA 

  Divisões, ou discussões vazias são tão absurdas quanto o fato da cor amarela se pronunciar separada da cor vermelha, numa pintura do pôr-do-sol.
  Ambas as cores participam ativamente da mesma cena. São irmãs em seus objetivos. São "parceiras de Tela." E embora cada uma possua uma constituição única, ambas fazem parte da mesma cena, da mesma pintura. Ambas são uma só Obra. Ambas estão aninhadas nas gigantescas Mãos do Criador. Todas estão comigo - diz o Senhor.

DESPERTA, TU QUE DORMES

  A luz amarelada que entrava pela janela, tentava, de toda forma, me tirar daquela cama. E talvez os mosquitos tivessem conseguido me carregar dali, se eu continuasse deitada por mais um tempo!
  Fui sendo despertada, aos poucos, pelas vozes no refeitório. Eles já haviam se arrumado, estavam despertos, preparando-se para receber o alimento que os fortaleceria durante toda a longa e quente manhã. Estavam de pé. E suas vozes e passos despertavam os poucos, que ainda permaneciam em sono, até aquele momento.
  As vozes dos que já despertaram e estão se alimentando, são eficientemente poderosas para despertar os que ainda dormem em suas camas de medo, preguiça, desanimo, solidão e falta de fé.
  Fui saindo, aos poucos, daquela marola interior, deixando de lado minhas limitações e sendo contagiada pelos sons dos passos e das vozes. E assim que percebi que eles estavam se alimentando, despertei de vez, lembrando-me da fome que eu carregava em meu interior e que tivera ficado encoberta por horas sob a densa coberta do sono.
  Mas eu havia escutado os passos, as vozes e o som da alimentação sendo partilhada chegou aos meus ouvidos e me tirou do sono. Isso me colocou de pé num salto animado. Desci as escadas rapidamente, um pouco envergonhada pelo meu atraso, mas assim que o som dos meus passos se uniram aos dos meus companheiros, que me aguardavam, eu me senti no lugar certo, no momento certo e pude avançar em minha refeição, sem culpa.
  Enquanto comia, fui tomada por pensamentos e lembranças. Como se o cenário que me cercava tivesse sido retirado da minha frente. Vi um exercito.
  Sim, há um exército que acordou cedo, pisa firme sobre a Terra, marchando. Sua boca é como de trombeta, anunciando que a refeição que acaba com a desnutrição espiritual, já está servida e é abundante.  
  Este exército compartilha do Pão que recebeu e fortalece os famintos, a fim de que todos se tornem fortes guerreiros, para que possam marchar juntos.
  Em seguida fui levada pelos meus pensamentos, de volta àquele quarto escuro de minha memória, quando a escuridão era o que me cercava. Vislumbrei-me deitada em minha cama do desespero onde permaneci por 17 anos. 
  Vivi ali, desnutrida, faminta, mas completamente amortecida e anestesiada. A sonolência me impediu de perceber o tamanho de minha fome. Durante 17 anos foi assim. 
  Eu era uma jovenzinha muito frustrada. Cansada e adormecida. Não sabia que andava faminta. Não conhecia o tamanho de minha fome. Eu estava deitada na cama do medo e da dor. Cansada de viver, já aos 17 anos.
  Eu não podia saber naquele tempo, mas andava cansada da morte e não da vida. Eu estava morta. Deitada em minha jazida do desanimo e do cansaço, eu já cheirava mal e esfarelava, quando uma Luz invadiu meu sepulcro, me visitou, me desenrolou dos panos da morte, me deu alimento farto e enfim, me fez a pergunta: Quer sair daqui? 

  EU ME VI NELE E ESTAVA VIVA

  E eu olhei em volta, me vi sem os panos da morte, nos quais permaneci enrolada durante tantos anos, vi também que o sepulcro escuro, agora era reluzente como uma cidade de ouro, meu coração batia forte dentro do peito, me inspirando em novos ritmos. Olhei fundo nos olhos da Luz e me vi refletida neles e a imagem que vi de mim mesma, era iluminada, feliz, viva e livre. Ali, refletida Nele, vislumbrei minhas asas. Eu havia recebido asas, mas ainda não podia imaginar que elas serviriam de fato para o voo, imaginava, naquela época, que minhas asas eram apenas um adorno caprichado do meu Pai. Eu não poderia entender a sua real função naquele tempo.
  Mas isso não importava. Eu estava viva. "She's Alive!" (Ela vive!) Era o que diziam, apontando para mim, nas ruas. E eles estavam certos. Eu estava viva, após 17 anos de sono profundo!

  VOCÊ JÁ RESSUSCITOU?

  A semente do trigo pode voar por ai, desfilando sua cor dourada pelos ares, mas se ela deseja marcar o seu mundo e gerar frutos, ela precisará morrer naquela Cruz, junto com Aquele que teve coragem e amor, transbordantes, para fazer isso por todos nós. Jesus, é o Seu nome!
  Seu nome corre em minhas veias, pois o meu sangue ficou todo naquela cruz. Morri com Ele. Por isso, com Ele também ressuscitei (Como está escrito no livro de Romanos capítulo 6, verso 8, na Bíblia).
  Morri com Ele e foi ai que passei a viver. Minha dor? Morreu lá! Meu sono profundo? Morreu lá! Meu medo? Morreu lá! Hoje sou nova criatura. Ressuscitada, da terra dos mortos.

  VIDA... EM ABUNDANCIA

  Vidaaaa, em abundanciaaaa: Esse era o som da minha nova respiração. Eu estava VIVA. De pé. Em plenitude. E em Paz.
  J_E_S_U_S me deu o que estava perdido, Ele me devolveu o que tinha sido roubado. Me restituiu em dobro a vida que danificaram ao longo dos anos.
  Eu não sei viver sem fé. Ele me colocou de pé. Eu fui livre para atravessar a ponte. E o novo horizonte foi descortinado aos meus olhos e ao meu coração.  
  Hoje o pote de ouro, no fim do arco íris, se transformou em algo palpável. Alcancei incontáveis "impossíveis". Sou livre para alcança-los, a cada abrir e fechar de olhos.
  Quer tentar? Vem comigo descobrir o impossível em Deus! Vamos juntos! Mochileiros viajantes da Terra amam a companhia de outros mochileiros da Terra. Vamos juntos? Até onde e até quando Deus soprar, vamos?
  O som da trombeta soou e eu fui despertada. Me pus de pé. Alimentei-me, marchei e anunciei, unindo-me ao meu exercito. Vem comigo?
  O dia acabara de começar e eu já havia aprendido tanta coisa, sentada ali, naquele refeitório, junto com os meus parceiros pesquisadores de golfinhos! 
  Enquanto me alimentava, lembrei-me do que vivi e aprendi com Ele, estava satisfeita pela história que tínhamos escrito juntos, mas eu mal podia imaginar o que estava pela frente!  (CONTINUA...) 

Mari Brilho

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Livreto Virtual (Parte 3)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

ALGUÉM NA ESCUTA?

-Alguém na escuta? Cambio.
-Sim, cambio.
-Encontramos o boto. Cambio.
-Onde? Cambio.
-Está na Ilha, na areia. Cambio
-Ok. Cambio. 
-Avisa os pesquisadores. Cambio.
-Vou leva-los lá agora. Cambio, desligo.

  Era uma manhã normal, naquela viagem espetacular. Mais um dia de café da manhã na padaria, roupa de banho, pele queimada, mais de duzentas picadas no corpo, cabelo refletindo a luz do sol, como uma lâmpada acesa, olhos vermelhos por causa da água salgada do mar, unhas sujas e pés descalços.
Após o café, seguíamos a rotina de ouvirmos os comando do líder e cada dupla se organizava para ir a um destino diferente. Naquela manhã estávamos a procura de um boto que havia morrido no final da tarde anterior e estava à deriva no mar.
  Eu (voluntária) e uma estagiária (estudante do curso de biologia) fomos selecionadas para um dos barcos de turismo, que nos davam carona até as ilhas próximas.
  Entrei sem expectativas especiais, era mais um dia de muita viagem de barco. Sentei próxima à estagiária que eu acabara de conhecer. Eu e ela representávamos os níveis mais baixos de responsabilidade e conhecimento naquele projeto. Muitos ali eram mestres, ou mestrandos (alunos de mestrado), estudantes aprofundados no tema e eu e ela meio que de gaiato naquele barco. Sem saber direito o que fazer, ou procurar.
  Quando ouço uma conversa pelo rádio e meu coração para de bater por um instante. Acharam o Boto? E vão nos levar lá agora? Eu... vou... ver... um... boto??? Vou  encontrar o boto que todos procuraram por horas ontem????
  Fiquei animada, um sorriso largo e bobo teimou em me acompanhar enquanto o barco, cheio de turistas, nos levava até o local.
  Era meu primeiro encontro mais próximo com um golfinho (que naquele projeto era frequentemente chamado de boto. O boto, em algumas regiões é aquele animal cor-de-rosa que vive em águas doces no Brasil. Já o golfinho é um animal acinzentado que vive nas águas salgadas, nos oceanos. Mas para eles, por algum motivo, que não fui capaz de entender, os golfinhos eram chamados de botos. Ok!).

VOCÊS PRECISAM SALTAR AQUI

  A maioria dos grandes sonhos não se realiza  facilmente!
  Ao nos aproximarmos da ilha onde o boto estava, o piloto, nativo da região, diz algo que demorei para entender. Parte por causa do seu sotaque e parte por causa do espanto mesmo!
Ele disse: Saltem.
-Hein?
Ele repetiu explicando: Vocês precisam saltar aqui, o barco não tem escada para descer e não posso me aproximar mais da areia.
-Mas...Como???
Fiquei olhando uma parte do barco na areia e a outra  na água. A frente do barco estava sobre a areia da ilha...
  O rapaz estava ficando nervoso com o meu olhar ainda estático... Os turistas queriam sair logo dali...
  Senti a pressa urgindo na atmosfera... Eu precisava me decidir. Duas dúvidas surgiram: Eu me arrisco a pular para ver o boto, ou volto à terra firme, desistindo desta oportunidade? E a outra dúvida era se eu deveria pular na água, ou na areia. Não, eu não tenho medo de água. Sou um peixe apaixonado. Mas o problema de pular na água é que eu não sabia qual era a profundidade da água naquele ponto, então se estivesse muito rasa e eu pulasse despreparada, poderia me machucar muito.
  Resolvi então pular logo de uma vez. Decidi pela areia.   Embora a distancia fosse incrivelmente alta, preferi pular na areia e me preparar para uma queda drástica no solo que eu podia ver, do que saltar num solo desconhecido. Decisão difícil para uma menina da cidade...

ESTOU DE PÉ, O SHOW ACABOU

  Enquanto eu saltava, ouvi ao fundo um "Ohhhhhhhh", liberado pela plateia de turistas. Tentei cair amortecendo a queda com os joelhos flexionados, mas eu costumo tropeçar em mim mesma e esbarrar em quase tudo, sou um exemplar bem desajeitado às vezes. E por isso, minha tentativa de queda amortecida e suave foi fortemente frustrada: Caí sentada e senti um solavanco incrível nas costas.
  Mas eu carrego em mim a natureza de levantar logo após qualquer tipo de queda. Não sou do tipo que espera pela mão amiga. Amo quando posso contar com mãos amigas, mas não permaneço caída, aguardando-as. 
  Enquanto estou caindo, já penso num modo eficiente de me erguer novamente! Eu sei que nasci para estar de pé. E para voar.  A queda acontece, repetidas vezes. Mas me apresso a ficar de pé, sempre!
  Naquela queda não foi diferente. Cai já levantando! Olhei para a plateia espantada, que agarrava-se ao barco e acenei, afirmando que estava bem e que o show havia acabado!  Eles podiam seguir viagem tranquilos! (Hilário até hoje!)
  O barco se afastou e seguiu viagem. Eu e a estagiária estávamos literalmente sozinhas numa ilha! Para onde ir? Como estabelecer um plano de busca? O que fazer se encontrássemos o boto de fato? Nem eu, nem ela, sabíamos o que fazer.
  Pensamos em ir cada uma para um lado. Mas seguimos juntas, para a mesma direção. Era próximo das 11 horas da manhã e o sol pode ser muito castigador quando precisamos caminhar sem nenhuma sombra por perto, durante vários quilômetros.
  Sobre a areia de uma ilha quase deserta, caminhamos por um tempo, quando então eu o vejo. Enorme e Lindo... Perdi o ar.
  Algumas lágrimas teimaram em aparecer. Mas eu nem me importei.
  Também não me dei conta de que ele estava morto, já mal cheiroso e fora de seu ambiente marinho. Eu apenas tentava lidar com a emoção de visualizar, ali, bem na minha frente, aquilo que, por tempos, persegui com tanto interesse e amor.
  Agora era real. Ele estava morto, é verdade. Mal cheiroso também, é verdade.  Mas estava ali, bem diante de mim, aquela criatura tão intensa, inteligente, simpática e misteriosa. Eu amava os golfinhos há um bom tempo e isso fez músicas soarem em meus ouvidos por todo o tempo em que vivi aquela experiência. Ou talvez tenha sido o sol quente do meio dia... Não sei. Foram tempos embriagantes por causa da intensidade a que meu corpo e minha emoção foram expostos.
  Mas as musicas que bailavam ao meu redor foram interrompidas por uma pergunta: E agora? O que fazemos? (Risos)
  Embarcamos, viajamos, saltamos de um barco, diretamente na areia, caminhamos sob um sol atordoador, encontramos o boto, ficamos frente a frente com ele, mas... E AGORA? O QUE FAZEMOS?
  Sozinhas numa ilha quase deserta, com um boto pesadíssimo, morto, descansando seu corpo na areia escaldante, rodeado por urubus. O que faríamos?
  Por sorte, fazíamos parte de uma equipe bem organizada e experiente. Eles também ouviram a noticia pelo rádio quando ainda estavam em tera firme, o que lhes deu tempo de se organizarem.     Chegaram lá pouco tempo depois. Nos trouxeram água e bolacha salgada e já haviam comunicado um barqueiro para nos ajudar a fazer o resgate do boto. 
  Colocar um boto pesado dentro de uma canoa de alumínio com motor (uma "voadeira") foi um desafio. Eu queria ajudar, porque estou sempre metida em alguma coisa, mas não me deixaram muito, era pesado demais e as ondas quebravam fortes, rolando-o para longe do barco. Afastei-me um pouco  e fiquei observando a força, a persistência e a vontade firme daqueles caras. Demorou muito. Mas o boto foi colocado na canoa-voadora.
  Uns foram no barco, junto com o boto, mas o resto da equipe precisava encontrar um jeito para voltar para a cidade. Alguns conheciam muitos caminhos alternativos, então seguimos pela encosta do mar por horas e horas. Precisávamos entrar no mar, de tempos em tempos, mesmo sem vontade, para dar uma refrescada na temperatura, tiramos alguma peça de roupa e colocamos sobre nossas cabeças, tentamos dividir a pouca água que nos restava e não pensamos muito na distancia.
  Em grandes distancias duras, precisamos focar apenas no passo seguinte. Encontramos uma tartaruga marinha no caminho, linda. Assim como encontramos várias belezas surpreendentes enquanto caminhávamos, areias brancas, mar agitado, violentamente espumado, num tom azul celeste embriagador, mini riachos que nasciam e morriam em uma curta distancia e poças de água colorida (azul marinho, ou marrom avermelhado, cor de Coca-Cola). O caminho era agressivo, mas inexplicável e brutalmente belo.
 
A TORNEIRA DE ÁGUA DOCE

  De tarde chegamos a um estabelecimento que oferecia uma torneira com água corrente. Nunca fui tão feliz com uma torneira! Enfiei-me debaixo dela do jeito que consegui e bebi litros de sua água doce!
  De lá pegamos uns dois ou três meios de transporte bem precários, um deles foi um barco de turismo que nos viu acenando e desviou sua rota para nos buscar. Graças a Deus este barco possuía escadas e após um grande esforço consegui alcançar a base de sua escada e subi até seu topo.
  Entrar naquele barco me trouxe uma sensação de estar segura novamente e me senti realizada, com a sensação de dever cumprido.
  Chegamos em casa, ou melhor, na pousada, no meio da tarde. Tomei um banho e dormi o resto daquele dia, tentando encaixar dentro de mim, tudo o que tinha visto e vivido.

MENOS É MAIS

  Sempre busquei e vivi experiências além da cidade convencional. Gosto do conceito "mochileiro" porque estranhamente quanto menos  possuo, mais completa me sinto. Gosto da sensação de ter que virar bicho, abandonar o salto e o esmalte (que quase nunca uso) e sentir a terra nas unhas. Ter que me virar com o que carrego e saber que dependo do Altíssimo e das relações que vão se construindo no meio do caminho, é uma experiência muito libertadora.
  E em algumas épocas da minha vida senti mais forte este chamado louco dentro de mim, de me unir à vida em uma outra esfera, mais ligada ao tudo que a criação intensa de Deus nos oferece.
  Trata-se de uma dificuldade para mim, não experimentar a vida que Ele criou para nós.
  Sim, Ele me criou para uma vida em abundancia, isso diz respeito aos desdobramentos espirituais e sociais, obviamente, mas abundancia, diz respeito à plenitude e habito num corpo e possuo uma alma, ou seja, preciso oferecer a eles a abundancia que o Senhor me oferta.
  Preciso viver as cores, os sabores, as sensações na pele, nos ouvidos, nos olhos e no coração.
  A  criação é belíssima. Intensa, perigosa às vezes, mas incrivelmente poderosa em nos ajudar a perceber algumas delicias e alegrias desta vida.  
  Precisamos nos fazer felizes, precisamos nos fazer saudáveis, precisamos nos ouvir, para podermos ouvir quem nos cerca. Precisamos aprender a ver. Enxergando. De fato.
  Quando saímos de viagem, nos propomos a sair de nossa zona de conforto, nos propomos a experimentar a vida de uma maneira diferente, nova e inesperada. Por isso nem sempre tudo sai como planejamos, algumas coisas saem bem melhores!  Como afirma o Senhor em  Isaías 55:9 "Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos." 
  Você pode perceber Ele cuidando de você nesta estrada diferente, que você se propôs a trilhar? Espero que sim, pois Ele é tão real e tão presente quanto o ar que você respira nestas terras distante.
  Encerro a terceira parte deste livrinho, reforçando o convite do Senhor para que vivam, mas vivam em abundancia (João 10:10), fazendo cada respiração valer a pena! Não se arrastem. Fomos feitos para voar. Vamos juntos?

  DE-CO-LAR  EM  3,2,1... 

(CONTINUA...)


Aos Leitores do BLOG:
  Com o coração chorando o seu choro de gratidão, eu visualizo na tela do meu computador a quantidade de países que tem me visitado e isso me fez pensar, enquanto eu lhes contava minhas experiências naquela ilha, que muitos de vocês fizeram esta escolha um dia. Escolheram aceitar o desafio de visitarem terras distantes, se afastarem por um tempo de pessoas amadas, para conhecerem e amarem outras, que estavam distantes e que são diferentes das que vocês já conheciam.
  Eu queria dizer a vocês que eu oro com o amor e o cuidado de quem ora por um filho muito amado e precioso. São muitas nações diferentes que estão me encontrando neste espaço, então precisei estudar um pouco de suas culturas, musicas, danças e preciso dizer que me apaixonei pelo o que conheci. Estamos separados por uma tela de computador e alguns oceanos, mas estou profundamente conectada com vocês. Acreditem.
  Por isso, gostaria de conhece-los, saber suas experiências em terras distantes, saber suas duvidas, temores, forças e alegrias. Estou aqui para isso. Para compartilhar com vocês o que amo e também para caminhar com vocês o caminho que vivem hoje. Estou aqui. Vocês me fariam imensuravelmente feliz, se me deixassem um comentário, se me permitissem conhecer alguma coisa sobre vocês, pois acredito que muitos dos que saíram de seus países  maternos, carregam na alma e no corpo histórias que fariam as minhas se tornarem  um gibi muito sem graça!
  Gostaria de conhecer vocês! A Malásia tem me feito companhia quase todos os dias, de maneira MARAVILHOSA! A Rússia, a Alemanha, o Brasil e os Estados Unidos também estão presentes aqui de maneira muito especial para mim!!! A Sérvia, a China e a França já me visitaram algumas vezes também! O que me deixa muito FELIZ! Sinto-me honrada por ter a companhia tão presente de vocês! E amo-os como ama-se filhos, incondicionalmente, sem distinção, embora haja incontáveis diferenças entre eles, os pais sempre os amam de forma intensa. Sintam-se amados desta maneira!
  Tenho buscado conhecer os países que me visitam, e me apaixono pelo que descubro, mas seria uma honra e um privilégio conhecer as pessoas que me leem! Estão todos convidados! Sim espero por vocês nos comentários, mais presentes! Aqui, todos são bem vindos, em Paz e com gratidão!
  Escrever às vezes é como lançar sementes num campo escuro. O escritor lança todas as suas sementes, mas em seu campo escuro, não sabe ao certo o que está alcançando através do seu semear.   
  Quem escreve, escreve sozinho, mas com seu coração e mente focados em leitores que aceitem e acolham suas palavras.
  Ele anseia pelo encontro, entre suas palavras e seus leitores. Anseio assim também. Desde as madrugadas solitárias de minha adolescência, quando eu escrevia meus textos  e pela manhã, eu implorava por leitores. Mas eles não se manifestavam.
  Agora já amanheceu, eu sei que estou começando a ser lida em várias nações e vocês fazem parte deste capítulo especial de minha história. Convido vocês à participarem de maneira ainda mais ativa, deixando um comentário para mim. Eu leio e respondo todos, com alegria, atenção, carinho e gratidão, então, fiquem à vontade para se manifestarem e participarem mais ativamente! Serão muito bem vindos!
Valeuuuu!

  Despeço-me deixando uma declaração de amor feita por Deus, dedicada, neste momento, às NAÇÕES que me visitam. Creia, corajoso e ore pela tua terra!

  DE DEUS PARA AS NAÇÕES (É só clicar!)

Mari Brilho
 

 
 

domingo, 5 de janeiro de 2014


Livreto Virtual (Parte 2)

"TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

TELEFONE SEM FIO

  Surfistas conhecem os mares, aves conhecem os céus, viajantes conhecem estradas e aeroportos. Poucos conhecem os povos. As pessoas e suas histórias. Menor ainda é o número de quem mergulha tão profundo em suas histórias que chega a conhecer corações e almas.
  O que te move?-perguntaram para mim num comercial na televisão. Minha boca secou. Meus olhos molharam. Meu coração deu um salto e  eu soube.
  O som das vozes, o timbre das risadas, o olhar ferozmente invasivo, as pessoas me (co)movem, me fazem ir onde elas estão.
  Como ensina o tema da revista Life, em linhas gerais: Conhecer o mundo e os riscos que virão. Ir além dos muros, encontrar o outro, este é o propósito da vida.
  Isso é o que me move.
  Isso é o que me move.
  Isso é o que me move...
Isso é o que me sacode, me levanta, me ajoelha e me põem de pé para continuar.
  Vozes das nações soam ao pé do meu ouvido, cochicham segredinhos, derramam tristezas, compartilham gargalhadas. Eu ouço o que me dizem. Guardo tudo, como se guarda o bilhete perfumado do bem amado, recebido em segredo, entre olhares desconfiados do professor na sala de aula.
  O bilhete perfumado das nações chegou às minhas mãos e estará comigo guardado, cada solicitação, cada sussurro, cada desejo soluçado, cada sabor ansiado, cada assento desejado.   
  Ele soube resolver tudo e virá. Receberão cada gota e cada raio de luz. Tudo virá sobre vocês. Vocês, que tem suas vozes ecoando no secreto do meu ser. Eu escuto.
  Sem perceberem, Deus convidou vocês para brincarem de "telefone-sem-fio". Ele disse: Sussurrem em meus ouvidos. Ouço tudo. Já entendi o que desejam ardentemente. E em seguida, como na brincadeira do telefone, Ele cochichou secretamente, as vozes de vocês em meus ouvidos. E suas vozes agora habitam meu interior. Suas lágrimas, seus cheiros, suas cores e a falta delas também... Está tudo aqui, comigo. Eu guardo o meu bilhete escondido e o releio a cada levantar e declinar do sol.

O COLAR DE MADEIRA -PARTE I

  Era o inicio da noite, muitas pessoas nos cercavam, muitas vozes soavam em minha mente. Eu andava apressadamente, embora estivesse muito distraída, como quem caça algo no ar, sem saber o que realmente procura.
  Esta era minha expressão, naquele momento da noite, quando, de repente, eu vi.
  Eu simplesmente vi e fui sugada pelo que meus olhos descobriram no meio da multidão. Lá estava ele, pendurado no pescoço de um amigo-irmão.
  Era de madeira escura, textura polida, suas curvas variadas formavam a imagem. Um colar de madeira. No formato de um golfinho.
  Poucos meses antes disso, este fato não faria sentido algum. Assim como não deve estar fazendo para você que me lê agora... Mas se me der alguns minutos eu tento me explicar!
  Alguns meses antes deste meu encontro com o colar de madeira, eu havia aceitado o convite de uma amiga para ir à uma praia. Eu não conhecia aquela região. Então ela me incentivou a subir um morro relativamente alto. Subimos de forma convencional, por escadas toscas na lateral do morro. Morro do Cristo, era o seu nome. 
  Ao chegar lá, dois pensamentos me tomaram: Primeiro: Onde estão minhas pernas e meu ar? E segundo: Um absoluto espanto que me tirou as palavras da boca e da mente. De queixo caído fiquei. Olhos arregalados. E a mente surpresa, calada. A vista era espetacular. Sentamos na rocha acima do morro e apreciei a vista.
  Era possível vislumbrar toda a encosta, via-se a espuma na areia em todas as direções do morro. Mas se erguêssemos os olhos era possível visualizar o alto-mar, alguns barcos e o horizonte infinito ao fundo.
  Eu continuava boquiaberta ainda, quando vi algumas barbatanas no mar, próximas às rochas. Eram golfinhos, muitos deles, se mostrando para mim, se apresentando bem na minha frente. 
  Eu havia recebido o convite VIP, da natureza, estava vendo o espetáculo diretamente do camarote. Aquela cena me pareceu tão surreal que eu nunca mais consegui tira-la da cabeça. Permanece bem aqui, até agora e já está completando 13 anos que isto aconteceu, mas ela continua muito vívida em mim.
  Aquela cena marcou minha vida. Eu percebi que muitas belezas são sutis, apresentam-se num espetáculo inacreditável, mas a plateia nem sempre aplaude e nem sempre assiste.
  Aquilo me fez pensar que às vezes os shows belíssimos são reservados apenas para os que decidem subir cansativos degraus cravados na encosta de um morro.
  Descobri que o mundo é um espetáculo indizível e constante. E aprendi que quando somos abençoados pelo show de Deus, nos sentimos parte do espetáculo, como se ele acontecesse dentro de nós também, como se ele transbordasse do "palco" e escorresse direto ao nosso interior. E neste processo, somos convidados pelo Diretor, para sermos parte integrante do elenco e então entendemos nosso papel nesta apresentação incrível.
  Talvez não faça muito sentido, mas muitas coisas que marcaram minha vida, não signifiquem muita coisa para alguns. Ok. Posso viver com isso! Mas desejo que você tenha os seus momentos inexplicáveis também! Vá busca-los. 
  Deus produziu o melhor dos espetáculos, vá assisti-los e descobrirá que faz parte do elenco! (Isso é Belíssimo!) Você é parte integrante do que Ele criou. Você faz parte de um Plano belíssimo, de tirar o folego. Não perca mais tempo. Vá assistir por si mesmo. Faça diferente só desta vez. 
  Só precisa que o faça uma única vez e nunca mais precisará se esforçar para vê-lo, pois ele estará em você e você será um dos elementos químicos de sua formula secreta e perfeita!
  Não pense. Seja.
  Após muito tempo sentada ali no topo daquele morro, decidimos descer pelas próprias rochas, sem nos utilizarmos das escadas. Foi uma experiencia muito intensa, prestar atenção no caminho, medir cada passo, refletir antes de escolher a próxima pedra onde colocar os pés, sentir os músculos dos braços tencionados, segurando teu corpo e tua vida, tudo isso fez parte da experiencia que eu acabara de ter lá em cima.
  
A MÃO FORTE QUE ME SUSTENTOU

  Num momento, calculei mal a distancia e não consegui alcançar a próxima rocha de apoio. Fiquei parada, pensando como poderia sair dali, sem cair rochedo abaixo, quando a mão grande e segura de um homem que também descia aquela encosta com sua familia, segurou a minha mão e me sustentou enquanto eu saltava para a próxima pedra-apoio. Foi surpreendente ver aquele homem, responsável por toda a sua família, esticar sua mão para me ajudar a resolver minha dificuldade. Na hora pensei sem questionar: Deus sempre traz alguém para me ajudar quando esbarro em meus próprios limites. Como Deus cuida de mim!
  E a partir daquela experiencia com os golfinhos, no Morro do Cristo, naquela praia emblemática para mim, eles passaram a ser um símbolo de tudo o que vivi e descobri naquele dia, sobre o show da criação.
  E passei a persegui-los na mesma intensidade em que fui perseguida por eles.

O COLAR DE MADEIRA -PARTE II


  Eu andava distraída, buscando algo, sem saber o que procurar, quando, rodeada por muitas vozes, num salão imenso, enfeitado por bandeiras e com um mapa-mundo gigantesco, fixado na parede, eu o encontrei e ele a mim.
  Eu o vi. E as vozes se calaram. O mundo parou. E eu sai de minha busca aleatória. Corri até meu amigo, eufórica, para tocar aquele colar, aquele símbolo importante em que o golfinho havia se transformado para mim. 
  No fim da noite ele me deu o seu colar! E muito mais: Ele era biólogo e me explicou que estava tendo uma viagem-pesquisa para o litoral, exclusivamente para o estudo de GOLFINHOS.  
  Ele me passou o telefone do organizador e eu liguei para ele de um orelhão, no centro da cidade. Ainda restam poucas vagas para voluntários neste projeto - Disse-me a voz do outro lado da linha. Fernando, era seu nome.
  Nunca me esqueci. Não sei como é sua feição, nem sua voz, mas o nome dele junto ao numero telefônico, escritos num papel amarrotado nunca mais saíram de minha memória.
  Era uma viagem longa cheia de desafios para uma garota. Eu não conhecia o destino, muito menos o caminho. Eram mais de 14 horas na estrada, em vários ônibus e rodoviárias diferentes, SOZINHA. Completamente sozinha.

VOCÊ VAI

  Parecia impossível ter a autorização dos meus pais para isto, principalmente porque se eu conseguisse chegar ao destino, eu passaria muitas horas em pequenas embarcações, em alto-mar, participando do projeto.
  Você Vai - disse-me Deus, em meu quarto, enquanto eu tomava coragem para conversar sobre isso com meus pais. Parecia impossível. Mas meu Deus havia me autorizado a ir, então respirei fundo e chamei meus pais para mais uma fala estranha, confusa e absolutamente sem sentido para eles. 
  E apesar das improbabilidades, confirmando o que Deus havia me contado, meu pai entendeu a mensagem de meus olhos, entendeu e confiou em mim. E finalmente me autorizou a ir.
  Eu Fui.

ESTRELA CADENTE, CIDADEZINHAS E MALA SEM ALÇA

  Tudo naquela viagem foi marcante. Eu não conseguia dormir. Deus me disse: Deita o banco agora. Eu obedeci. E neste exato momento, enquanto deitava no encosto do banco do ônibus, eu vi, bem sobre mim, uma estrela cadente fofa, como quase todas as estrelas cadentes realmente são para mim, fofas.
  Passei a noite viajando. Mal dormi. Amanheci na estrada. Troquei de ônibus. Era preciso fazer muitas baldeações. Comprei uns pãezinhos recheados e assistindo a televisão da lanchonete, tomei meu café da manhã. Liguei para meus pais. Eles são valentes. Aguentaram firmes e me desejaram um bom resto de viagem.
  Eu não tinha celular naquela época. Tudo era feito através dos orelhões. Segui viagem. O sol da manhã foi castigando os passageiros. Quanto mais avançava em meu destino, mais simples os ônibus se tornavam. Sem ar condicionado, sem água mineral, quase sem banheiro e sem cortinas. O calor e o balanço daquela jornada me embriagaram um pouco e eu mal conseguia abrir meus olhos, com a cabeça girando, jogada na beirada da janela, buscando um vento, encontrei cidadezinhas esquecidas, envelhecidas, solitárias entre suas irmãs maiores.
  Placas. Cadê as placas? Onde estou? Quanto falta para a próxima rodoviária? Que calorrrrrr!
  Cansada, sem dormir, tentando não errar o destino e as trocas de ônibus e incorrigivelmente animada, eu segui em frente.
  Próximo ao meio dia, cheguei na ultima baldeação, sabia que precisaria que o relógio de Deus girasse seus ponteiros ao meu favor. Pois o ônibus para a cidadezinha praiana saía exatamente no horário em que eu estaria chegando na rodoviária. O ônibus estacionou, peguei minha bagagem e ela nunca foi tão pesada. Corri ao guichê e o rapaz me disse: Está saindo daqui 5 minutos. Ainda consegui comprar uma preciosa água mineral!
  Ultimo ônibus! Foi o que pensei quando encontrei minha poltrona. Eu mal conseguia ficar sentada, queria saltar do ônibus e viver o meu sonho o mais apressadamente possível. 
  Quando chegamos à cidadezinha, descobri que o ônibus nem pararia na rodoviária (não havia rodoviária), ele parou no meio da rua, mal encostou na sarjeta e me disseram: -É só seguir reto até o final desta rua, não tem erro. Ao que eu respondi: - Mas, moço, estou com uma mala grande, sem rodinhas. Ele deu de ombros e me mandou seguir.
  Carreguei minha mala imaginando o que será que pesava tanto nela, se eu havia colocado apenas roupas leves e chinelos...
  A rua não tinha fim. A mala parecia sem alça. O sol estava intenso e continuava a me embriagar e eu estava sozinha. Mas nessa época eu já possuía asas. Elas me carregaram até a porta de uma pousada, onde toda a equipe de pesquisadores já se encontrava reunida. Encostei minha mala do lado de uma cama, liguei para os meus pais e avisei minha chegada. 
  Eu estava suada, grudenta, ainda sem dormir, com braços doloridos e pernas roxas com as marcas da mala que foi arremessada contra minhas pernas a cada passo que dei naquela caminhada para chegar ao fim da rua.
  Mas eu havia chegado. E estava bem. 
  O resto fazia parte do sonho que eu estava prestes a viver. Então pude dizer: ESTOU PRONTA, quando anunciaram que eles "batizavam" os recém chegados levando-os por uma trilha íngreme até um mirante. Subimos numa velocidade alucinante para não pegarmos a escuridão da noite que se aproximava. Eu deveria ter posto um tênis - pensei ao ver minha rasteirinha de couro (comprada nos hippies) me fazendo derrapar a cada dois passos naquela trilha incrivelmente íngreme e lamacenta.
  No fim do dia tomei um banho, jantei como um búfalo faminto e caí na cama feliz e estranhamente me senti em casa, naquela noite de Janeiro, numa cama de pousada, cercada por amantes de golfinhos, meu coração sambava dentro do peito, mal podendo aguardar até as emoções dos próximos dias. (CONTINUA...)