Livreto Virtual (Parte 1)

 "TUDO DE MIM E UM POUCO DE TUDO"

GENESIS 1:1-2
NO PRINCIPIO ... HAVIA TREVAS SOBRE A FACE DO ABISMO
  Tudo começou com um dedilhado no violão, naquela escuridão do quarto, onde eu ainda podia sentir o cheiro do meu cabelo suado, marcando meu travesseiro com a assinatura daquela noite quente e abafada. Não se tratava do fato de eu estar sozinha. Porque eu nunca estive. Meus pais dormiam no quarto ao lado. Mas eu dedilhava meu violão na escuridão do meu quarto.
  Tateava a realidade com os dedos das mãos, com delicadeza e medo. Mas isso não evitava que eu ferisse os dedos dos pés às vezes, chutando uma quina pontiaguda de algum móvel equivocadamente colocado ali, bem no meio do meu caminho. 
  Eu podia sentir o cheiro das coisas, mas não as via. Não podia enxerga-las, mesmo arregalando bem os meus olhos. Tudo estava escondido de mim. Eu acreditava assim.
  Quando acendia alguma vela na tentativa de visualizar o que eu andava tateando, o vento da noite soprava e apagava rapidamente minha breve luz incandescente.
  Para quem? O quê? Por quê? Onde? Por quem? Como? Ou simplesmente: QUEM? Quem era aquele ser envelopado pelo meu corpo, tateando a escuridão? Quem era aquilo que chamavam pelo meu nome? 
  Quem sou eu? Quem sou eu? Quem sou eu? Essa pergunta assombrava mais profundamente a minha alma do que qualquer outra pergunta... mas... onde eu estava? E por quê? Não parecia fazer sentido algum. Tanta escuridão. Quem sou eu mesmo? Quem me disseram que eu era? Quem eu achava que eu era? Quem eu carregava em mim? 
  Não poderia saber disto naquela época. A "Idade das Trevas", era essa a época em que eu tateava minha escuridão.

JOÃO 8:32
E CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ
  
  Mas então quando eu vi a escuridão se impondo de maneira devastadora sobre mim, o Vento da aurora soprou sobre as brasinhas que o vento da noite havia deixado e ao receber o sopro quente do Vento da aurora, uma força, como a de uma mola encolhida, surgiu, ainda com voz fraca, mas revelando em seu sussurro, a força potencial que aquela luz incandescente possuía. E eu, de algum modo, soube as respostas. Soube todas. Mas elas não possuíam palavras, não eram compostas por frases, nem textos eloquentes. 
  Eu era. 
  E pronto. 
  Sem explicação que coubesse em mente humana, eu, de repente, sabia as respostas, porque na verdade, as perguntas sumiam. 
  Eu sabia quem era e isso acendia a luz do meu quarto escuro. Tatear o caminho já não era mais necessário. A luz estava acesa. Dentro de mim. E iluminava o que estava dentro e também o que estava fora. 

JOÃO 8:36
SE, POIS, O FILHO VOS LIBERTAR, VERDADEIRAMENTE SEREIS LIVRES
  
  Eu pude saber as respostas, pois de uma hora para outra as perguntas foram silenciadas. Caladas, pregadas numa cruz. Morreram, cancelando qualquer medo e dúvida. Eu fui livre do medo. Nadei com braçadas amplas no ar daquilo que antes tirava meu folego. 
  Eu estava livre. Livre para nadar com braçadas efusivas na maré intensa da minha revelação. Eu estava livre. E o Vento soprava aos meus ouvidos o som de uma nova musica que balançava meus cabelos e a barra do meu longo vestido florido. 

MARCOS 16:18 SE BEBEREM ALGUMA COISA MORTIFERA NÃO LHES FARÁ MAL ALGUM, CURARÃO ENFERMOS E PEGARÃO EM SERPENTES. (Romperão com as leis físicas e não estarão sob as leis das matérias, pois serão nascidos do Espirito.)
  
  Eu era livre. Nadava no AR. Mergulhava profundamente em águas torrenciais. Pisava a superfície de pedras SUBMERSAS. Eu estava LIVRE. O que poderia ser impossível para um ser que se descobre VERDADEIRAMENTE LIVRE? O que pode o prender? A lei da gravidade? As leis da física? Alguma reação química? 
  
Nada pode nos prender. 
  
  Pois cadeias que se rompem são como um cristal que se espatifa no chão da cozinha. Inreconstituível.
  Se o cristal já se espatifou no chão, não há o que seja capaz de impedir os mergulhos, manobras, ou voos. 
  Oras, você se fez livre. E a liberdade é algo que ninguém pode tirar de você. Nada prende um espirito livre. Nada prende uma mente livre. Se a liberdade já foi conquistada e experimentada, então não há o que possa prende-la novamente. "ERES LIBRES". 
  O impossível é uma cadeia colocada por donos de gaiolas. 
  Mas a liberdade é a chave que abre todo tipo de gaiola imposta. 
  Quem está verdadeiramente livre sempre busca e encontra um novo caminho que o leva ao lugar onde estava antes de ter sido capturado: LIBERDADE. 

JOÃO 3:8 O VENTO SOPRA ONDE DESEJA, VOCÊ OUVE A SUA VOZ, MAS NÃO SABE DE ONDE ESTÁ VINDO, NEM PARA ONDE ESTÁ INDO; ASSIM É TODO AQUELE QUE É NASCIDO DO ESPÍRITO
  
  Os que são livres ouvem a voz do vento livre e se fazem livres com ele. O vento é livre. Escorre pelos dedos, contorna montanhas, corta o ar mais denso, sacode as penas dos pássaros, se espalha sobre toda a superfície da Terra, sobe e desce atmosferas, leva folhas em danças misteriosas, faz simples folhinhas secas produzirem espetáculos memoráveis em pleno ar... 

O ENCONTRO DOS SERES ALADOS

  Quando dois elementos livres se encontram, certamente haverá profundidade, arte e beleza. Assim como quando a música encontra o dançarino, um exalta a performance do outro e um oferece ao outro um significado mais intenso e amplificado de sua existência. 
  Quem dança revela o valor da música e quem toca o instrumento revela o valor de quem dança. Um dá sentido ao outro. E ambos recebem valores potencializados neste processo. 

LIBERTE-SE.

COMO AFIRMOU O AUTOR DESCONHECIDO, "TODA GRANDE JORNADA SE INICIA COM APENAS UM PASSO"

  Tudo se iniciou com um sopro suave, uma brisa leve. Um movimento discreto do corpo. Um dedilhado simples no violão, uma nota singela produzida pela voz de quem canta melodias ao vento. Tudo foi iniciado com uma gota única de orvalho. Nada muito promissor.
  Apenas Deus poderia conhecer o real potencial de cada leve inicio. Quem manda a primeira gota conhece o potencial de alagação que uma gota após a outra pode causar. Mas aquele que vê da Terra, zomba da capacidade da primeira gotinha solitária.

OS DONOS DE GAIOLAS

  Os donos de gaiola são caçadores de seres alados. Eles não são porta vozes da verdade. Eles são caçadores. São seres com asas amarrotadas e empacotadas, mal dobradas, como um paraquedas dobrado sem cuidado sobre as costas: Inútil e pesado. 
  Eles perseguem asas abertas e zombam delas, pois não sabem como voar. Eles caçoam e caçam seres voadores.
   Mas não se preocupe, eles não reproduzem verdade alguma sobre quem sabe voar. Eles apenas cospem suas frustrações amarrotadas sobre  quem voa, na tentativa de destruir suas asas e aprisionar seu voo. 

Apenas seja você. Just Fly Little Flying People, JUST FLY!  

  Carregue tuas valiosíssimas asas e voe. 

  Nada se inicia pelo refrão. Tudo é iniciado por apenas um acorde, uma nota. Uma gota, um sussurro, uma brisa, uma palavra, uma pequena luz, um passo, uma esticada de asas, uma semente, um embrião.

CONQUISTEI OS CÉUS, MESMO ESTANDO ENTRE AS QUATRO PAREDES DO MEU QUARTO

  Uma pequena luz, era o que brilhava em meu quarto naquela noite quente e abafada. Meu travesseiro estava ali, me lembrando do calor transformado em suor. Mas o cheiro já não me importava muito, minha cabeça não estava mais deitada sobre o travesseiro suado, ele fazia parte do meu passado. Eu fui despertada do sono da noite. 
  Os novos aromas vinham agora de outras nações, vinham de todas as nações, conheci novas terras, novos povos, novas crianças e novos sabores, através dos novos aromas que o Vento me soprou. 
  Eu pertencia à outra casa, sem paredes, toda pintada de azul. Meus vizinhos agora eram os pássaros mais corajosos, apenas as águias mais audaciosas me acompanhavam nestes voos. Voando como um aviãozinho  nas mãos de um menino, assim era eu, cortando os céus, conduzida pela mão do Senhor dos Céus... voando liiiiiiiiiivre! (CONTINUA...)