O Brilho da Palavra

O Brilho da Palavra

domingo, 22 de fevereiro de 2015

E quanto ao fim: É só o começo!

E quanto ao fim? - Perguntei com os lábios trêmulos e as mãos buscando algo onde me apoiar. 

Não houve resposta. 

As ondas batiam nas pedras, parecendo castiga-las por algum motivo desconhecido por nós.
Algumas gaivotas rodopiavam sobre nossas cabeças e pareciam rir-se de mim.

Isso ao invés de me distrair, causava em mim o efeito contrario: deixava minha mente ainda mais atenta e concentrada.

Meus pés estavam tentando alcançar uma rocha grande e firme, mas por se tratar de uma encosta completamente ingrime, não era possivel saltar até ela... 

Estavamos numa descida em escalada. Não havia trilhas, apenas rochas. 

A minha amiga desceu, alcançando a pedra facilmente, mas eu, menor do que ela, fiquei ali, vendo a pedra salvadora, bem na minha frente, sem, porém, conseguir alcança-la. 

Minha mente pensava rápido, acelerada com a adrenalina e sondava a possibilidade de desistir daquela descida. Sim, tentei mover meu corpo de varias maneiras, mas nenhuma delas me  ajudou a alcançar a proxima rocha. 

Meus olhos estavam arregalados, minhas mãos se esforçavam para alcançar aquela pedra e minha mente já havia feito o calculo de todas as possibilidades e estava mesmo chegando à decisão de abandonar a descida.

Eu senti um gosto um pouco amargo na boca e uma tensão me fez parar por um instante. Mas foi exatamente ai, neste momento, quando eu acreditava ter chegado o fim da minha travessia naquele monte maravilhoso, eu vi uma mão atras de mim, ela se estendeu até a minha frente. Era um homem, pai de familia, que por um breve momento, soltou um de seus apoios naquela descida e ofereceu-me sua mão.

Eu fiquei olhando por uns instantes para aquela cena, mas ele disse apressadamente: 

Vamos! Segure minha mão e alcance a próxima rocha.

Não pensei em mais nada, apenas obedeci e continuei minha descida sem maiores desafios.

Infelizmente não me lembro do rosto daquele pai de familia que por alguns instantes ofereceu sua mão quando eu julgava que minha trajetória havia chegado ao fim.

É um evento simples, sem maiores consequencias, mas me marcou para sempre. 

Aquele momento parecia indicar o fim. Mas quem sabe quando realmente termina? 

Enquanto houver uma mão (seja ela um sussurro de força teimosa, ou um feixe de luz ainda acesa no coração, ou ainda uma mão de um completo desconhecido no meio de uma descida ingrime) então significa que ainda não terminou. 

E na verdade, a maioria dos grandes recomeços fantasticos, são precedidos por momentos em que parecem ser O FIM.  

Impressionante como isso é visto repetidas vezes na natureza. A tempestade precede a calmaria, a hora mais fria da madrugada precede o amanhecer, as flores de primavera só chegam depois que a árvore pareceu morta durante o inverno, grandes secas precedem grandes enchentes, a semente parece estar morta antes de dar seus frutos, enfim, poderiamos citar vários outros fatos como este. 

O mais significativo acontecimento que exemplifica este pensamento é o fato de que Jesus ressuscitou, mas antes disso, entregou seu corpo na morte de cruz. Três dias tido como morto, antes de sua ressurreição. 

Mas como somos tentados a pensar que é o fim, não é? (Ou sou eu que sou dramática?)

De fato, todos nós experimentamos esta sensação, uns mais intensamente, outros em menor intensidade, mas todos sabemos do que eu estou falando. 

Gostaria de dividir com voces então esta minha experiencia na descida da encosta, pois a imagem daquela mão forte, embora sem rosto, sempre me vem quando fico tentada a achar que é o fim.

No fim daquela descida havia uma praia especialmente linda e fiquei muito agradecida por não ter desistido no meio do caminho. 

Segure a "mão" que te é oferecida e alcance seu destino. Ele vai te surpreender positivamente! 

A lembrança daquela mão sempre me diz: É só o começo!


Não desista, siga em frente!

Até o próximo texto,

Mari Brilho

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